Ministério Público irá acusar Vale pelo colapso da barragem em Brumadinho
O Ministério Público (MP) irá abrir um processo criminal contra a Vale (VALE3, VALE4) e seus funcionários envolvidos diretamente no colapso da Barragem da Mina Córrego do Feijão em Brumadinho (MG), informa nesta quarta-feira (10) o The Wall Street Journal.
José Adércio Leite Sampaio, promotor responsável pela investigação, disse ao jornal americano que os investigadores reuniram evidências suficientes para afirmar que os funcionários da Vale envolvidos na operação da barragem sabiam que a estrutura não era segura.
“Do ponto de vista civil e criminal, a culpa da Vale é tão grande como da empresa alemã de inspeção Tüv Süd – contratada pela gigante de mineração brasileira para inspecionar a barragem”, declarou Sampaio ao WSJ.
O promotor afirmou que encontrou evidências concretas para afirmar que os funcionários de ambas empresas tinham conhecimento sobre os riscos envolvendo a operação.
Anteriormente, também em entrevista ao WSJ, promotores declararam que ambas as empresas poderiam ser responsabilizadas pela legislação brasileira, principalmente depois que a Vale apresentou certificados de segurança emitidos pela Tüv Süd aos reguladores como prova de que a barragem estava estável.
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O rompimento da B1 da Vale em 25 de janeiro despejou 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos minerais sobre a região do rio Paraopeba e resultou na morte de aproximadamente 300 pessoas.
A repetição do desastre, apenas três anos depois do caso da barragem do Fundão, em Mariana (MG), de responsabilidade da Samarco (joint-venture da anglo-australiana BHP Billiton com a Vale), deixou a impressão de que, entre um estrago e outro, nada foi feito.
“Até o momento, sabemos que o lado operacional sabia que a barragem corria o risco de entrar em colapso. Mas e os diretores da Vale? Será que eles sabiam?”, questionou Sampaio à reportagem do WSJ.
Os promotores estão se preparando para apresentar acusações por crimes relacionados ao desastre, que incluem assassinato, homicídio culposo, danos ambientais e falsa representação (no caso da Tüv Süd).
Nos próximos dois a três meses, promotores esperam determinar se funcionários do alto escalão da Vale, tanto os que atuavam no escritório regional como na sede da mineradora no Rio de Janeiro (RJ), também sabiam que a barragem estava em risco de colapso.