WeWork capta benefício fiscal para pequenas empresas em Londres
A WeWork montou uma presença global em escritórios compartilhados em apenas nove anos. Agora, tenta obter isenções fiscais no Reino Unido dedicadas a pequenas empresas.
A gigante sediada em Nova York que revolucionou o mercado de imóveis comerciais estima ter recebido cerca de 2 milhões de libras esterlinas (US$ 2,4 milhões) em restituições sobre 100 milhões de libras em impostos prediais desde que chegou ao Reino Unido. O valor restituído deve aumentar nos próximos anos devido a mudanças no sistema tributário local.
A devolução advém da forma de cobrança dos inquilinos: eles pagam uma taxa fixa que inclui pagamento adiantado de imposto predial, de modo que a WeWork fica com o alívio fiscal.
A WeWork “fornece uma solução holística para empresas que inclui o pagamento de taxas corporativas em nome de associados no Reino Unido”, afirmou uma porta-voz da companhia em comunicado. “Da mesma forma que a filiação à WeWork inclui acesso a espaços de trabalho, salas de reunião, internet, eventos e outras comodidades, o pagamento de taxas corporativas e qualquer benefício associado que possamos receber estão embutidos em nosso modelo.”
O valor devolvido é ninharia em comparação com os mais de US$ 3 bilhões em prejuízos registrados pela WeWork desde 2015, mas as restituições destacam como empresas da nova economia estão confundindo todos os níveis de governo. No Reino Unido, a predominância da Amazon.com levou parlamentares a defender uma reforma do sistema de imposto predial. A taxação das gigantes americanas das redes sociais é outro ponto contencioso entre EUA e Europa.
A controladora We Co. pretende levantar mais de US$ 3 bilhões em uma oferta pública inicial de ações. Sua subsidiária WeWork é o exemplo extremo de como operadoras de escritórios flexíveis capturaram o objetivo dos incentivos de imposto predial para pequenas empresas britânicas.
A companhia se tornou a maior ocupante de escritórios em Londres no setor privado, menos de seis anos após sua chegada à cidade. A divisão no Reino Unido teve receita de 118,3 milhões de libras em 2017, de um total mundial de US$ 886 milhões, segundo os dados mais recentes.
“Não posso acreditar que quem projetou o alívio fiscal para pequenas empresas estava pensando no segmento de escritórios como serviço”, diz Steve Hile, sócio da consultoria imobiliária Gerald Eve. “Há uma quantia enorme sendo paga que realmente não deveria ser paga porque não está indo para onde deveria.”
O esquema funciona da seguinte maneira: A WeWork divide cada propriedade sua em dezenas ou até centenas de áreas individuais batizadas hereditamentos, que são então avaliadas para fins fiscais separadamente.
Desta forma, consegue reivindicar devolução de impostos sobre qualquer área vazia ou pequena o suficiente para ser elegível ao benefício tributário se for ocupada por uma pequena empresa sem outros escritórios. Embora a prática seja comum entre operadoras de escritórios flexíveis, a WeWork divide seus espaços em parcelas muito menores do que suas grandes concorrentes, de acordo com a consultoria de dados abertos Whythawk. Uma unidade da WeWork no endereço 1 Fore Street, na City (distrito financeiro de Londres), com oito andares, contém cerca de 800 hereditamentos separados.
A unidade inaugurada recentemente pela empresa no distrito Waterloo, o maior espaço de coworking do mundo, tem capacidade para 6.414 pessoas, segundo documento enviado pela WeWork a corretores no início do ano ao qual a Bloomberg News teve acesso. Isso equivale a menos de 4,1 metros quadrados por pessoa, cerca de metade do espaço recomendado pelo Conselho Britânico para Escritórios.