Economia

Wells Fargo: “O que está acontecendo no Brasil é bem brasileiro”

05 jun 2017, 20:56 - atualizado em 05 nov 2017, 14:02

O Brasil passa por uma crise “bem brasileira” e que pode minar a tímida recuperação econômica esperada para o ano e iniciada no primeiro trimestre com um crescimento de 1%, em comparação ao quarto trimestre do ano passado, avalia o Wells Fargo em um relatório enviado a clientes nesta segunda-feira (5).

Eugenio J. Alemán, economista sênior do maior banco dos Estados Unidos, ainda espera que o país cresça em 2017, mas pontua que o 0,7% aguardado por ele “não é o que normalmente acontece quando as economias retornam após um colapso econômico tão profundo”, argumenta.

“O que está acontecendo no Brasil “é bem brasileiro” e a crise política pode complicar a recuperação ou evitar que a economia decole, mesmo que a economia global continue a melhorar e o setor externo brasileiro possa continuar aproveitando essa melhora”, ressalta Alemán.

Para o Wells Fargo, Temer irá provavelmente conseguir terminar o seu mandato.

Recuperação sob risco

Ele destaca que as despesas de consumo pessoal e o investimento permaneceram em contração no primeiro trimestre e deverão melhorar nos próximos trimestres. “No entanto, o consumo do governo ainda está limitado pela consolidação fiscal em vigor após um forte aumento no déficit fiscal do país. Assim, a economia pode não ser capaz de contar com o setor fiscal para gerar crescimento econômico, como foi o caso no passado”, diz.

“Embora a economia global esteja crescendo a um ritmo mais rápido e o Brasil aproveitando essa melhoria, a moeda brasileira apreciou consideravelmente desde o início de 2016 e permanece relativamente forte, o que pode prejudicar uma expansão sustentada do setor exportador. Além disso, a produção agrícola, que é um dos contribuintes para essa expansão de exportação, é altamente volátil e o forte desempenho durante o primeiro trimestre do ano não deverá permanecer durante o resto do ano”, afirma.

No trimestre passado, segundo o IBGE, a agropecuária teve expansão de 13,4%, a indústria cresceu 0,9% e os Serviços, 0,0%, apresentaram estabilidade.

 

“Ou seja, o crescimento econômico sustentado precisa de todos os cilindros da economia, mas especialmente dos domésticos, para se unirem e o que está acontecendo hoje na arena política pode comprometer os gastos dos consumidores e a formação bruta de capital fixo, que são necessários para o crescimento prosseguir”, finaliza o banco.

 

 

 

Embora ainda tenhamos uma impressão positiva para a economia durante todo o ano, a escassa impressão de 0,7% para 2017 não é o que acontece normalmente quando as economias retornam após um colapso econômico tão profundo.