WEG (WEGE3): A medida assinada por Bolsonaro que pode prejudicar lucro em até 10%, segundo BBA
Assim como as exportadoras, a WEG (WEGE3) também pode ter os lucros impactados pela Medida Provisória 1.152, conforme avaliou o Itaú BBA.
A medida assinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) altera a cobrança do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos chamados preços de transferência.
Segundo o BBA, as regras dos preços de transferência devem mudar a partir de 2024. Atualmente, esse mecanismo é utilizado pelas empresas multinacionais, para otimizar sua estrutura tributária.
O preço de transferência refere-se ao preço atribuído quando uma empresa exporta seus produtos para uma subsidiária offshore, que, então, os revende.
O BBA explica que, de acordo com as regras atuais, sob certas condições, as empresas podem legalmente fixar os preços, de forma que a maioria do lucro da transação fique no exterior.
De acordo com o BBA, a WEG se beneficia disso, por meio de sua subsidiária austríaca, que atua como trading company e, portanto, reduz a alíquota efetiva consolidada.
Como a WEG é impactada?
Em relatório, Daniel Gasparete e equipe dizem que, desde 2015, a diferença nas taxas de imposto estrangeiras representou uma média de 10% do lucro tributável consolidado da empresa.
“Ao subtrair 10 pontos percentuais de nossa taxa de imposto estimada para 2024, nossa projeção final diminuiria em aproximadamente 10%”, dizem.
Ou seja, as novas regras propostas pela medida podem levar a um impacto de 10% no lucro líquido da WEG para 2024. Contudo, o time de analistas do BBA acreditam que essa hipótese seja improvável.
A corretora não crê que o impacto da alíquota seja tanto, “já que a MP provocaria apenas uma redistribuição de lucros entre as operações austríaca e brasileira, enquanto a alíquota da primeira continuará a ser menor”.
Sólida e defensiva
O BBA diz que, como a WEG é uma empresa de caixa líquido, a companhia pode considerar alavancar seu balanço para aproveitar um efeito de incentivo fiscal.
Os analistas acreditam que a WEG pode utilizar outras ferramentas, como otimizar seu capital estrutura, para compensar parcialmente o efeito nos resultados.
“Deixando de lado essa turbulência, a WEGE3 continuará sendo uma ação sólida e defensiva, e mantemos nossa classificação de desempenho superior”, disse o BBA.
Os próximos passos para a MP deverá ser decidido pelo Congresso. Se nada for feito até o dia 3 de março, a MP entra em regime de urgência. Uma vez aprovadas, as novas regras entram em vigor a partir de 2024.