Web 3.0: dez tendências para 2020 (Parte 2)
6. O navegador da Web 3.0
Brave tem sido um exemplo excelente de como a adesão de uma aplicação não precisa necessariamente responder ao acúmulo de valor dos detentores de tokens.
O navegador e ecossistema da Brave estão crescendo rapidamente, pois a empresa agora possui mais de 10 milhões de usuários ativos mensais.
Até agora, isso teve pouco impacto no preço do token Basic Attention Token (BAT), apesar de a Brave ser um projeto interessante de se acompanhar já que a empresa já fez a parte mais difícil: criar um produto de qualidade que as pessoas realmente querem usar em grande escala.
Com sua taxa de adesão, BAT é um candidato principal para a experimentação de novos modelos de economia de tokens que poderiam trazer valor único aos usuários da Brave (recompensas, cobertura etc.).
7. Jogos como NFTs
A demanda por cartas colecionáveis de cripto havia sumido tão rápido quanto seu surgimento, com CryptoKitties.
A queda livre do interesse dos usuários não foi tão surpreendente, já que jogos de “cartas”, que alavancaram NFTs pareciam um nicho de mercado que oferecia pouco valor em comparação a maiores franquias com bens virtuais internos ao jogo.
Então, Gods Unchained surgiu.
A demanda pelo jogo de negociação de NFTs moderadamente popular (na época) explodiu após a Blizzard, gigante no setor de jogos, optar por boicotar um jogador profissional em sua plataforma por publicamente apoiar os protestos em Hong Kong.
A equipe da Gods Unchained reclamou sobre a atitude da Blizzard e isso aconteceu:
Não tenho certeza se eu poderia chamar esse apoio moral de ressurgimento de NFTs, mas o aumento de mercados de NFT e o interesse da Microsoft em fornecer recompensas colecionáveis de cripto para clientes da Azure são apenas dois pontos de dados promissores.
Enquanto isso, o que me deixa mais otimista é que veremos empresas de jogos estarem disposta a permitir que bens sejam negociados livremente entre ecossistemas.
A boa notícia é que o setor das NFT tem tempo para identificar ambientes mais adequados e de alta produtividade para serem construídos.
A maioria dessas plataformas ainda está no estágio inicial de desenvolvimento e é provável que não esteja pronta para oferecer suporte para tais jogos daqui a um ou dois anos.
8. Apostas
É compreensível a atração dos pelas aplicações de apostas em blockchain.
Operações de apostas on-line ainda são proibidas nos EUA e na maior parte da Ásia, duas das maiores bases de usuários de cripto, e plataformas apermissionadas fornecem um refúgio para os que se arriscam nesses países.
O relatório de mercado mais recente da Dapp.com mostra que as aplicações de aposta representam mais do dobro da participação de mercado do que qualquer outro setor de jogos em termos de usuários ativos, transações e volume.
Também é interessante quais blockchains são o lar desses aplicativos.
A maioria dos cassinos on-line optaram por construir em plataformas de baixas taxas ou de taxa zero e de alta produtividade como EOS e Tron (por enquanto), já que estão dispostas se aproveitar da resistência à censura para aumento de desempenho e maiores margens de lucro (caso as aplicações busquem subsidiar usuários ao destruir taxas de transações pelo bem da adesão) ou pelo menos acreditavam nisso.
Um relatório da Coinbase e um aviso-prévio da Earnbet, dapp baseada na EOS, sugerem que agora nem tudo são flores para a EOS.
No início de novembro, um aumento nas ações de usuários no blockchain fez com que a rede entrasse em “modo de congestão”, tornando extremamente cara a execução de qualquer transação.
Seria essa implosão da EOS uma boa notícia para a (ouso dizer) Tron?
Talvez, mas é provável que vejamos soluções de duas camadas, como a Loom Network, serem as principais beneficiadas com a congestão da EOS.
A longo prazo, esperamos ver mais cassinos on-line construídos em seu próprio parachain (blockchain paralelo) na Polkadot ou Cosmos.
9. Novas plataformas sociais
Projetos de redes sociais descentralizadas são precoces, mas o potencial existe.
Eu não acredito no potencial de curto prazo de que usuários irão em busca de financeirização explícita de seus capitais sociais anteriores e intangíveis (se lembra das grandes histórias de “do lixo ao luxo” no Reddit? Nem eu).
O verdadeiro desafio de uma rede social “descentralizada” não são os modelos de incentivo, mas sim a aquisição de usuários longe dos grandes incumbentes, que estão tão enraizados que você até pode dizer que as inovações descentralizadas possam ter que vir deles (ou de ações regulatórias).
À luz dos desafios contínuos pela liberdade de expressão no universo midiático, esperamos ver mais iniciativas de protocolos, não de plataformas.
Quanto mais tempo ficarmos sem o token TON do Telegram, o token Klay da Kakao ou a Mobilecoin da Signal, mais cético eu fico sobre seu potencial, e mais elas se parecem com os projetos fazedores de dinheiro de 2017-2018. Mas acredito em Jack Dorsey e no Twitter.
Conforme falei na publicação “dez pessoas para prestar atenção em 2020”, Dorsey anunciou, recentemente, um plano de descentralização do back-end do Twitter com uma pequena iniciativa independente chamada BlueSky, que será liderada pelo CTO do Twitter. Também faz sentido.
Até mesmo se, no futuro, o Twitter se tornar um cliente desse padrão aberto, alguns poderiam dizer que o valor da plataforma viria de uma curadoria de um cliente específico vs. a confusão de dados não filtrados.
Se o anúncio da Libra do Facebook foi um momento influente na história dos criptoativos, o anúncio da BlueSky talvez tenha uma magnitude parecida com a tese da Web 3.0.
Um mundo com redes sociais dominadas por um protocolo permitiria implementações concorrentes de cada protocolo, permitindo o teste de novos modelos de negócio não exploradores, redução de custos de mudança de uma plataforma para a outra e o surgimento da liberdade de expressão e de privacidade. Mas você teria que acreditar no mensageiro.
Nesse caso, eu não confio no Zuck. Confio no Jack (se eu tivesse que escolher um).
10. Todo o restante
As camadas para a Web 3.0 ainda estão em evolução e ainda vão tivemos tempo de falar sobre algumas das aplicações mais interessantes na Web 3.0: transcodificação de vídeos (Livepeer) e mapeamento geoespacial (FOAM).
Livepeer desenvolveu o primeiro produto de transcodificação de vídeos em sua rede (por meio da Livepeer, Inc.) e também lançou uma rede de testes pública para um novo protocolo escalável chamado de Streamflow, após levantar US$ 8 milhões em junho.
FOAM lançou uma versão beta de seu registro curado por tokens (TCR) para verificar os envios de contribuição de geolocalização dos usuários que, em abril, totalizou cerca de 140 participantes mensais e começou a testar uma solução de escalabilidade para acelerar as atualizações de localização.
Conforme a alimentação de “tokens de trabalho”, FOAM e Livepeer dependem de adesão, mas seus mercados endereçáveis parecem pequenos e ainda muito precoces. Quem irá adotá-los primeiro?
Com certeza, pavimentam o caminho da Web 3.0. Mas será que ainda estamos adiantados em cinco anos?