Web 3.0, DeFi, Metaverso e NFTs — O que 2022 reserva para o mercado cripto?
O ano de 2021 pode ser considerado um dos mais importantes e fundamentais para os investidores desse mercado, segundo um dos fundadores da casa de análises Mercurius Crypto, Orlando Telles, ao Money Times.
O analista avalia que o crescimento e amadurecimento de setores e ativos, bem como o surgimento de novos, apontam para um 2022 mais agitado ainda.
Segundo estudos realizados pela casa de análise, é crucial observar o crescimento significativo das plataformas de contratos inteligentes — que retirou grande participação de mercado do Bitcoin, diz o texto.
Dessa forma, é destacado a importância da consolidação da Ethereum, além do desenvolvimento de ecossistemas como os da Solana, Polkadot e Avalanche.
De acordo com Telles, a ascensão do mercado de NFTs (tokens não fungíveis) e dos games em blockchain introduziram um dos conceitos mais revolucionários do mercado de criptomoedas: o “play to earn”, no qual o usuário ganha dinheiro por jogar.
O analista destaca o crescimento de metaverses, como o game Axie Infinity e o The Sandbox.
Confira também a análise completa do Orlando sobre o setor de metaverso e jogos em blockchain:
O que nos trará 2022?
Na visão do analista da Mercurius, entre os aspectos que devem ficar no radar da comunidade cripto está a grande pressão regulatória para o mercado, em especial para o segmento de finanças descentralizadas (DeFi).
Ele comenta que as autoridades regulatórias norte-americanas e europeias já mostram sinais claros de ressalva quanto ao mercado de Stablecoins (criptomoedas lastreadas em dólar), expondo indícios de uma agenda regulatória mais focada em criptoativos para o próximo ano.
Ele continua dizendo que, no curto prazo, este cenário pode ter um efeito negativo no mercado dado a insegurança regulatória.
No entanto, para o longo prazo, há uma perspectiva bem positiva para os protocolos que já estão mais à frente da regulação e tendem a se adequar mais rápido, avalia.
Um dos exemplos citado pelo especialista, foi a Aave, que deve iniciar o Aave Arc no próximo ano, produto com KYC/AML desenhado para atender o público institucional, e a Uniswap, que busca estabelecer parcerias com players centralizados de grande porte, como o Paypal.
“Movimentações como essas podem proporcionar um grande crescimento para o mercado DeFi no segundo semestre do próximo ano”.
Além disso, a mudança da política monetária ao redor do mundo também pode afetar o mercado de criptoativos de forma negativa, especialmente o Bitcoin, diz.
Segundo Telles, esse é um movimento que deve acontecer no próximo trimestre, devido a amenização da pandemia e o aumento significativo da inflação em diversos países.
Telles explica que este cenário pode inibir a presença de investidores institucionais que, devido às baixas taxas de juros, passaram a diversificar e aumentar a possibilidade de retorno de suas carteiras.
“Essa classe de investidores pode enxergar nesta movimentação um risco ainda maior em suas posições no mercado”, diz.
Setor de contratos inteligentes – escalabilidade e atualizações
O estudo da Mercurius também aponta que em termos de atualizações dos protocolos deve-se observar uma grande movimentação, especialmente no mercado de plataformas de contratos inteligentes, como a Ethereum.
Uma das mudanças mais esperadas deve ocorrer logo no primeiro semestre de 2022 com a implementação do “Proof of Stake”, em um evento conhecido como “The Merge”.
Esta alteração terá um impacto significativo na política monetária do ativo e deve afetar, de forma positiva, o seu valor, de acordo com a casa de análises.
Além disso, pode-se destacar um mercado voltado para o processo de escalabilidade de blockchain, devido ao grande crescimento das plataformas de contratos inteligentes, diz a Mercurius.
Com isso, ativos como a Polygon (MATIC), solução de segunda camada da rede da ETH, devem apresentar uma evolução considerável.
No setor de contratos inteligentes é previsto a consolidação de algumas soluções de primeira camada (Layer 1), com a expansão de diversos ecossistemas, como o da Solana, e a Polkadot, que deve ver o amadurecimento das primeiras parachains operantes em sua rede.
Cripto muito além do Bitcoin
Na análise da Mercurius, é apontado que um dos aspectos que o ano de 2021 ajudou a consolidar foi que criptoativos não são apenas Bitcoin, e que na verdade trata-se de uma rede complexa com inúmeras aplicações, desde games até infraestrutura do setor financeiro.
O resultado dessa conscientização, segundo Telles, foi a entrada de capital de fundos venture capital nunca observada, fazendo com que 2021 possa ser considerado o maior ciclo de investimento no mercado de criptomoedas da história.
Este grande volume de capital tende a ter impactos significativos no longo prazo, principalmente nos últimos trimestres de 2022 e no início de 2023.
“Acredito que o próximo ano evidenciará novos segmentos do mercado de criptomoedas, como a Web 3.0, o armazenamento de dados criando um mercado ainda mais independente com muitos casos de uso, e os investimentos em infraestrutura que estão sendo realizados para o segmento DeFi e de games em blockchain.”
Na opinião do analista, todas essas movimentações serão essenciais para um ciclo ainda maior nos próximos anos, o que pode tornar esses setores mainstream.