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Nubank (ROXO34): Warren Buffett vende 20 milhões de ações; papel cai em Nova York

15 nov 2024, 12:21 - atualizado em 15 nov 2024, 12:29
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(Imagem: REUTERS/Rick Wilking)

Os movimentos da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, são observados com lupa pelo mercado e dificilmente passam desapercebidos. E dessa vez não foi diferente.

Em documento depositado na SEC, a CVM americana, a holding revelou que vendeu 20 milhões de papéis do Nubank (NU;ROXO34), reduzindo sua posição a 86,4 milhões de ações. A companhia está no portfólio do Mago de Omaha desde junho de 2021, antes mesmo da companhia abrir capital, em dezembro daquele ano.

O início do roxinho não foi fácil, com ação perdendo 70% do seu valor. Porém, a companhia virou o jogo, mostrou que pode ser lucrativa e viu a ação disparar 322% desde as mínimas em junho de 2022. Nesse ano, saltou mais 80%. Apesar disso, o folego parece que dá sinais de arrefecimento.

Isso porque os resultados desanimaram o mercado. Na última quinta-feira, o papel caiu quase 3%. Nesta sessão, inclusive, NU volta a cair quase 4%. Apesar do crescimento de 107% do lucro, a grande preocupação recai no índice de inadimplência, que voltou a subir, na contramão dos bancões.

Nubank: Itaú BBA rebaixa recomendação

Aproveitando os números do banco, o Itaú BBA rebaixou a recomendação das ações do Nubank negociadas na bolsa de Nova York (Nyse) para market perform, equivalente a neutro.

Também cortou o preço-alvo de US$ 17 para US$ 15.

Para Pedro Leduc e equipe, o resultado vai desencadear revisões nas previsões de ganhos e uma pausa na expansão dos múltiplos devido à desaceleração da receita — movimento que o banco não esperava.

As linhas de crédito pessoal e a carteira de cartões do Brasil ainda crescem, mas o ritmo da expansão da receita ficou mais lento, na avaliação do banco.

Além disso, o analista afirma que os produtos voltados para clientes de alta renda, tanto no Brasil quanto no México, não atingiram um tamanho suficiente para compensar as perdas na receita — “acontecendo muito antes do que prevíamos”, escreve o analista.

“Embora acreditemos que a Nu tenha potencial para aumentar a participação de mercado em segmentos de renda média-alta, empréstimos consignados e em outros países, uma desaceleração no Brasil não pode ser ignorada.”

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O que outros analistas acharam?

Apesar das ações, os resultados do Nubank foram considerados positivos pelo BB Investimentos.

Segundo a corretora, o balanço foi favorecido por uma expansão generalizada das principais linhas de receitas, mas com alguma pressão advinda dos custos, incluindo de captação, e ainda favorecido por uma menor alíquota de imposto de renda.

Para o BB, o destaque positivo, ficou por conta do crescimento da carteira, que variou 47% (neutro de efeito cambial, ou FXN), com destaque para a modalidade Empréstimos (97% a/a FXN), que vem crescendo mais do que cartão de crédito (+33% a/a FXN).

Por outro lado, o custo de captação pesou, atingindo 89% da taxa interbancária mista (Brasil, México e Colômbia) de 87% no segundo trimestre e 80% no ano passado. Além disso, a inadimplência de 7,2% ainda gera um predominante desconforto.

“A inadimplência, que já está alta, pode seguir se deteriorando em resposta ao ambiente de juro mais elevado, já que o perfil de cliente do Nubank é mais frágil do que o de outros representantes”.

Mesmo assim, o BB se vê reticentes em abandonar a tese de crescimento com rentabilidade que o Nubank vem conseguindo sustentar, em que o retorno sobre o risco corrido nos parece adequado, à medida que o banco concomitantemente melhora seus KPIs e progride suas aspirações de ampliação geográfica.

Com informações do Estadão Conteúdo