Warren Buffett mandou recado para Americanas (AMER3)?
O maior investidor do planeta, Warren Buffett, publicou no último sábado sua tradicional carta anual para falar sobre os investimentos de sua holding, a Berkshire Hathaway.
E, entre os casos de acertos e erros da sua gestão, o bilionário fez um alerta para os “manipuladores”.
“Mesmo o valor do lucro operacional pode ser facilmente manipulado por gerentes que desejam fazê-lo. Essa adulteração é considerada frequentemente sofisticada por CEOs, diretores e seus assessores”, diz no trecho do documento.
Para ele, “essa atividade é nojenta”.
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“Não requer talento para manipular números, apenas um desejo profundo para enganar é necessário. Contabilidade imaginativa, como um CEO certa vez descreveu seu engano para mim, tornou-se uma das vergonhas do capitalismo”, escreveu.
Apesar de não investir na Americanas (AMER3), e talvez ele nem saiba sobre a existência da empresa, o recado chama atenção pelo timing, já que ocorre pouco mais de um mês da companhia revelar o rombo de R$ 20 bilhões.
Ligação de Buffett e 3G
Buffett é sócio do trio de bilionários da 3G Capital, Jorge Paulo Lemman, Beto Sicupira e Carlos Teles, acionistas referência na varejista.
A Kraft Heinz, parceria entre Berkshire Hathaway e 3G Capital, foi criada em 2015 a partir da união das duas empresas de alimentos.
Na semana passada, o vice-presidente do conselho de administração da Berkshire, Charles Munger, afirmou que a parceria da empresa com a 3G Capital para a formação da Kraft Heinz “não funcionou bem”.
Americanas foi fraude?
O rombo de R$ 20 bilhões, anunciado em 11 de janeiro, já é considerado uma “fraude” pelos bancos, por exemplo.
“É o fraudador pedindo às barras da Justiça proteção ‘contra’ a sua própria fraude. É o fraudador cumprindo a sua própria profecia, dando verdadeiramente ‘uma de maluco para esses caras saberem que é para valer”, afirmou o BTG Pactual em documento enviado à justiça.
Já o Verde Asset, uma das maiores gestoras do Brasil, também classificou o rombo da empresa de “maior fraude da história corporativa do Brasil”.
“Fomos vítimas de uma fraude. Há quanto tempo que esta fraude existe, quem foram os principais responsáveis e beneficiários, é assunto que será amplamente discutido e explorado no judiciário”, escreve.
De acordo com o Estadão, as investigações do comitê criado pela Americanas para verificar se houve ou não fraude devem ser ampliadas.
Também ao jornal, uma das fontes afirmou que “não restam muitas dúvidas sobre a ocorrência de fraude”.