Wall Street: S&P 500 e Dow Jones têm o pior desempenho diário desde 2022; veja fechamento
Nesta segunda-feira (5), Wall Street encerrou os negócios em forte queda, em continuidade com a cautela da última semana, com a perspectiva de que a maior economia do mundo pode entrar em recessão.
Confira o fechamento dos índices de Nova York:
- S&P 500: -3,00%, aos 5.186,33 pontos;
- Dow Jones: -2,60%, aos 38.703,27 pontos;
- Nasdaq: -3,43%, aos 16.200,08 pontos.
Com isso, Dow Jones e o S&P 500 registraram a maior queda diária desde setembro de 2022.
A forte queda das bolsas de Nova York acontece em meio ao temor de desaceleração econômica dos Estados Unidos, após dados de atividade econômica e do mercado de trabalho divulgados na semana passada apontarem para uma desaceleração da maior economia do mundo.
Além disso, o aumento das tensões dos conflitos no Oriente Médio e o aumento da taxa de juros do Japão aumentam as incertezas dos investidores ao redor do mundo.
Na abertura, o índice Nasdaq chegou a cair mais de 6% e o Dow Jones teve queda superior a 4%.
O VIX, índice de aversão ao risco de Wall Street também conhecido como “termômetro do medo”, chegou a disparar 170%, no maior nível desde a pandemia e se aproximou das máximas atingidas durante a crise financeira de 2008.
Contudo, as perdas foram reduzidas ao longo do pregão após dado do setor de serviços norte-americano, acima do esperado.
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços dos Estados Unidos subiu de 48,8 em junho a 51,4 em julho, segundo o Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês). Analistas ouvidos pela FactSet previam um aumento menor, a 51.
Os investidores esperam que cortes mais agressivos na taxa básica de juros, o Fed Funds. A expectativa é de que o Federal Reserve inicie o afrouxamento monetário em setembro com um corte de 50 pontos-base, levando a taxa ao intervalo de 4,75% a 5,00% ao ano.
‘Pânico’ nos mercados
Na avaliação do estrategista-chefe da Avenue, William Castro, o ‘pânico’ do mercado é dado por uma combinação de vetores. O principal deles é o receio com uma possível desaceleração da economia americana após dados mais fracos do mercado de trabalho que foram divulgados na sexta-feira (2).
Além disso, a elevação das taxas de juros no Japão. Com os juros mais altos na quarta maior economia do mundo, as operações de carry trade — em que o investidor toma recursos emprestados em países com juros mais baixos e aplica em países com taxas mais elevadas — tendem a ser reduzidas, já que as posições de tomada de empréstimos são “zeradas”, e deixam de ser atrativas.
A escalada das tensões no Oriente Médio e a notícia de que Warren Buffet reduziu forte sua exposição a algumas de suas principais posições, como Apple, acabou elevando a percepção de que a atual relação risco versus retorno do mercado não se mostre favorável também entram na conta dos investidores hoje.
Vale lembrar que, na última sexta-feira (2), o índice Nasdaq, que reúne as maiores empresas do setor de tecnologia, chegou a cair mais de 3% nas primeiras duas horas do pregão. A forte liquidação empurrou o índice para o território de correção com queda de mais de 10% em relação à máxima.
O S&P 500 também registrou a pior queda diária desde 2022 e já opera 6% abaixo da máxima histórica. Já o Dow Jones caiu para o nível mais baixo em mais de um ano e tem recuo de 4% em relação a sua máxima histórica.
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Wall Street: queda exagerada?
Para William Castro, da Avenue, a reação do mercado é exagerada ao repercutir o um receio de uma forte recessão a frente, o que ainda é altamente incerta.
“Vale a ressalva que a economia americana já enfrentou 48 recessões em sua história e que a despeito dos momentos difíceis o dólar continuou sendo a principal moeda de reserva de valor global”, afirma.
A mesma visão é compartilhada por Rafael Passos, analista da Ajax Asset.
“Ainda é cedo para entrar em narrativas de recessão, mas dado os níveis de preço e valuations dos mercados americanos, a volatilidade deve continuar a trazer uma dinâmica mais negativa das bolsas globais e commodities, com fechamento das taxas de juros no mundo desenvolvido e pressão nos emergentes. Assim, o Fed pode começar a reagir de forma mais incisiva na condução da política monetária”, diz Passos.