Wall Street: quando será seguro sair às compras de novo?
A pausa no forte início de ano do mercado de ações dos EUA ressalta a principal questão que atormenta boa parte de Wall Street: quando será seguro sair às compras de novo?
Por um lado, os mercados estão cada vez mais confiantes de que a desaceleração da inflação permitirá que o Federal Reserve encerre em breve o aperto monetário agressivo que levou o índice S&P 500 ao pior tombo anual desde 2008. Mas, ao mesmo tempo, os juros mais altos podem levar a economia a uma recessão.
Se posicionar para esse cenário ambíguo é, no mínimo, complicado.
“O S&P 500 nunca atingiu o fundo do poço antes do início de uma recessão, mas ainda não está claro se a economia americana realmente cairá em uma crise”, disse Ed Clissold, estrategista-chefe para EUA na Ned Davis Research, que vê uma chance de 75% de que os EUA entrarão em uma desaceleração econômica no primeiro semestre. “Alguns indicadores nos dizem que um pouso suave não está descartado. Todos esses sinais cruzados tornam difícil para os investidores se posicionarem em ações dos EUA.”
Essa incerteza aponta para oscilações pela frente, à medida que os investidores avaliam divulgações de dados econômicos e observam tendências históricas em busca de pistas.
Na semana passada, o S&P 500 caiu 0,7%, quebrando uma sequência de ganhos de duas semanas, embora o índice tenha subido 1,9% na sexta-feira.
O impulso veio das ações de tecnologia, depois que autoridades do Fed acalmaram temores de altas de juros excessivamente agressivas.
O Nasdaq 100, focado em tecnologia, teve seu melhor dia desde 30 de novembro e ganho de 0,7% na semana.
Clissold acha que o desempenho histórico de diferentes setores pode fornecer pistas sobre onde investir em uma crise. Os que tendem a atingir o pico mais para o final dos ciclos econômicos, como ações de produtores de matérias-primas e empresas industriais, geralmente apresentam desempenho forte nos seis meses que antecedem uma recessão. O mesmo vale para produtos básicos de consumo e de cuidados com a saúde.
Ao mesmo tempo, as ações de setores sensíveis a juros, como finanças, imóveis e tecnologia, tendem a ficar para trás durante esse período.