Wall Street mira profissionais tech demitidos por setor cripto
Um desenvolvedor de 32 anos mal havia começado a trabalhar na Coinbase Global quando decidiu sair.
O desenvolvedor, que pediu para não ser identificado, deixou uma gigante de tecnologia para integrar a equipe da maior exchange de criptomoedas dos EUA no ano passado.
Um salário-base de US$ 175 mil por ano e um generoso pacote de opções de ações ajudaram a convencê-lo. Na época, os mercados de criptomoedas estavam em alta.
Em poucos meses, os mercados despencaram e colegas ao seu redor, que haviam convertido parte de seus pagamentos em criptomoedas, começaram a entrar em pânico.
Foi então quando decidiu abandonar o barco antes que suas próprias ações na empresa se desvalorizassem e antes que a corretora cripto demitisse, em junho, 1.100 funcionários, ou 18% da força de trabalho.
Inicialmente, o desenvolvedor deixou a Coinbase fora do currículo quando começou a procurar outro emprego. Na verdade, sua passagem pela corretora acabou sendo uma bênção. Depois de ser entrevistado por empresas de Wall Street, foi contratado pela Meta Platforms em meados do ano com um salário-base próximo ao anterior.
Um engenheiro de software demitido pela Coinbase, que também pediu para não ser identificado, disse que recebeu uma enxurrada de mensagens de empresas cripto, recrutadores e bancos de Wall Street, mas voltou a trabalhar com a equipe de sua antiga empresa, a Uber Technologies.
Enquanto companhias cripto como Bitpanda e BlockFi cortam empregos, muitos profissionais como os citados começam a notar que, com as habilidades certas, podem encontrar trabalho no setor financeiro. Citigroup, Goldman Sachs e JPMorgan Chase estão em busca de especialistas com experiência em blockchain – e não são os únicos, pois a tecnologia que sustenta os mercados de criptoativos ainda chama a atenção de clientes e reguladores bancários.
“A desaceleração da negociação de criptomoedas, com queda na atividade e contratação lenta, tornou-se uma oportunidade”, para quem está no setor, disse Thomas Olsen, sócio de serviços financeiros da consultoria Bain & Co. Sua empresa tem contratado profissionais que saíram do setor de criptomoedas. “Estamos entrevistando pessoas nos próximos seis a nove meses, vendo isso como uma oportunidade quando não podiam ser contratadas antes.”
‘Mentalidade certa’
A maioria dos gigantes de Wall Street tem evitado o mercado à vista de criptomoedas como Bitcoin, devido à incerteza regulatória e às regras de “conheça seu cliente”. Mas buscam maneiras alternativas de negociar a classe de ativos volátil, enquanto exploram usos mais amplos para a tecnologia blockchain em áreas como pagamentos e cadeias de suprimentos.
O Citi anunciou uma vaga de diretor para gestão de risco de ativos digitais para cobrir criptomoedas, stablecoins e finanças descentralizadas.
Em novembro, o banco havia divulgado planos de contratar até 100 pessoas para apoiar ferramentas de ativos digitais para instituições.
O Citi está em busca de candidatos que tenham trabalhado em serviços financeiros tradicionais ou empresas de tecnologia, além de iniciativas em ativos digitais, de acordo com uma pessoa informada sobre as vagas.
O Goldman Sachs anunciou oportunidades nos últimos meses para vice-presidente em seu grupo jurídico de ativos digitais, um vice-presidente para trabalhar como engenheiro de software de criptoativos e uma vaga para trabalhar com ativos digitais na gestão de patrimônio do consumidor e gestão de patrimônio privado.
Um porta-voz do Goldman Sachs não quis comentar. O banco lançou a negociação de derivativos de criptomoedas no ano passado e estuda formas de usar a tecnologia blockchain em outros negócios.
A unidade de gestão de ativos e patrimônio do JPMorgan, que administra US$ 2,7 trilhões, quer contratar um profissional para supervisionar a estratégia de blockchain, que inclui criptoativos e tokens digitais. O banco também busca um gerente de produtos e outras funções para seu serviço Onyx Digital Assets, uma rede blockchain para ativos, entre os quais dívidas e ações, com mais de 200 funcionários.
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