Wall Street tomba 3% com decisão do Fed; Dow Jones tem maior sequência de perdas em 50 anos
No segundo dia de fortes quedas, Wall Street reagiu à decisão do Federal Reserve (Fed) sobre os juros e a perspectiva do Banco Central norte-americano para o próximo ano.
O VIX (CBOE Volatility Index), indicador que mede a aversão ao risco de Wall Street, também conhecido como o “termômetro do medo” chegou a disparar quase 50%, a 23,31 pontos, em meio a perspectiva de que os juros ficarão elevados por mais tempo — e acima da previsão anterior do mercado.
Em destaque, o índice Dow Jones completou o décimo dia consecutivos de baixa — a maior sequência negativa desde 1974.
Confira como fecharam os índices de Nova York:
- S&P 500: -2,95%, aos 5.872,16 pontos;
- Dow Jones: -2,58%, aos 42.326,87 pontos;
- Nasdaq: -3,56%, aos 19.392,69 pontos.
Os rendimentos (yields) dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os Treasuries, voltaram a se aproximar da marca psicológica de 5%. Os juros projetados para a dívida de 10 anos, por exemplo, bateu máxima a 4,51%. Já para 30 anos, que são referência para o mercado de hipotecas, fecharam a 4,654%, próximo da máxima intradia.
Em linhas gerais, os Treasuries são considerados o investimento mais seguro do mundo, pelo fato de o governo norte-americano nunca ter dado calote na história e ainda ser o emissor da moeda — no caso o dólar.
O que movimentou Wall Street hoje?
Os investidores reagiram à decisão do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed de cortar os juros em juros 25 pontos-base, para a faixa de 4,25% a 4,50% — como o esperado.
Mas o Banco Central norte-americano reservou uma ‘surpresa’ de fim de ano: a previsão de apenas dois cortes, de 25 pontos-base cada, em 2025 — segundo o gráfico de pontos (dot plot). Isso representa 50 pontos-base a menos do que as autoridades previam em setembro.
“Com a decisão de hoje, reduzimos nossa taxa de política em um ponto percentual inteiro de seu pico, e nossa postura política agora é significativamente menos restritiva”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell, durante a coletiva de imprensa após a decisão. “Podemos, portanto, ser mais cautelosos ao considerar mais ajustes em nossa taxa de política.”
O colegiado também elevou as projeções de inflação de 2,1% para 2,5% no primeiro ano de mandato do presidente Donald Trump — bem acima da meta de 2%.
“Após a divulgação dos números formou-se um consenso de que não haverá cortes na primeira reunião de 2025. Ficou claro que, apesar dos progressos realizados, as preocupações com a evolução da inflação estarão conosco em 2025. Não apenas por conta dos indicadores de 2024, mas também pelos potenciais impactos das políticas econômicas anunciadas pelo presidente Trump”, afirmou o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori.