Mercados

Wall Street enfrenta choque de realidade após falas de Jerome Powell confirmarem longo caminho de juros altos

21 set 2022, 18:15 - atualizado em 21 set 2022, 18:15
Jerome Powell
Jerome Powell reforçou compromisso do Federal Reserve com combate à inflação (Imagem: Flickr/ Federal Reserve)

Os índices acionários de Nova York fecharam o pregão desta quarta-feira (21) em queda, com investidores lidando com as dores de um aperto monetário que exercerá efeitos prolongados sobre a economia.

Ao fim do pregão, o Dow Jones operou em queda de 1,70%, o S&P 500 perdeu 1,71% e o Nasdaq caiu 1,79%. As ADRs brasileiras acompanharam o movimento de queda, com o índice Dow Jones Titans Brazil 20 ADR perdendo 1,30%.

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Um anúncio agridoce

A reação dos mercados ante à decisão do Federal Reserve se deu em dois momentos. No primeiro, as bolsas sustentaram o movimento de alta, aliviadas com o rechaço de um aumento de 1,0 pp. na taxa base de juros. Apesar de ter figurado com uma chance menor, o cenário permanecia plausível com as indicações recentes dos dirigentes do Fed.

Mas o ímpeto positivo durou menos de 30 minutos. Bastou que Jerome Powell iniciasse a típica coletiva de imprensa, para que Wall Street ‘caísse na real’: o Banco Central americano continuará atuando até que a inflação volte à meta dos 2% anuais. Para isso, Powell confirmou não só que novos aumentos serão necessários, como também disse que a taxa permanecerá alta por mais tempo.

Com o movimento do Fed de hoje, investidores institucionais que compõem o Fed Funds apostam majoritariamente em um aumento de 0,5 pp. na reunião de novembro; a posição minoritária, por outro lado, representa um aumento de 0,25 pp. Até lá, diversos indicadores — notadamente sobre inflação e o mercado de trabalho — serão publicados e a percepção do Fed e dos mercados podem mudar.

T-bills de 2 anos já rendem mais de 4%

O compromisso inegociável de Powell também mexeu com o cenário dos títulos da dívida pública norte-americana (Treasuries).

Enquanto a taxa do título de 2 anos rompeu a barreira dos 4%, o rendimento das T-bills de 3 meses caíram a 3,122%, de 3,258% na véspera. As notas soberanas mais longas (10 anos) também tiveram queda de rendimento, aos 3,531%, de 3,564%.

Com o resultado do dia, a curva de juros desenhada entre as T-bills de 2 anos e as T-notes de 10 anos aprofundam o comportamento invertido.  Já a curva entre as T-bills de 3 meses e as T-notes de 10 anos segue o caminho do achatamento — a inversão também desta curva seria um dos últimos sinais ante a chegada de uma recessão, à medida que indicaria prêmios maiores (vinculado a riscos maiores) para o curtíssimo-prazo.

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