Wall Street avança em cripto para tentar recuperar o atraso
Em Wall Street, o Jefferies Financial Group expande serviços bancários para clientes de criptomoedas, a Black Rock financia uma empresa de stablecoin e o Goldman Sachs aumenta trading de moedas digitais. Tem até um ex-executivo de banco que mudou seu perfil no LinkedIn para um avatar.
Isso ressalta o quanto os bancos de Wall Street já caminharam em aceitar as criptomoedas. Durante anos, executivos de bancos e gestores foram alguns dos maiores críticos, até que os preços em alta e uma enxurrada de dinheiro de investidores levaram à conclusão de que ficar de fora significava perder.
Mas, à medida que a demanda aumenta, essa resistência inicial pode dificultar os esforços mais recentes de Wall Street de se manter competitiva, e incerteza regulatória e regras internas ofuscam os planos de expansão.
O CEO da Goldman David Solomon disse este mês que o banco segue a sugestão dos reguladores para atuação no setor, que chamou de “muito restritiva e muito, muito pequena”.
“Os bancos sempre vão tentar recuperar o atraso”, disse Michael Moro, CEO da corretora de moedas digitais Genesis. “As criptomoedas vão se mover muito mais rápido do que os bancos conseguem. Todos os bancos do mundo praticamente têm algum tipo de grupo de trabalho de criptomoedas e blockchain.”
Investidores institucionais negociaram US$ 1,14 trilhão em cripto no ano passado na maior bolsa de moedas digitais dos EUA, a Coinbase – um aumento de nove vezes em relação a 2020.
A crescente aceitação intensificou o escrutínio: a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, advertiu este mês sobre potenciais excessos ou riscos sistêmicos decorrentes de um mercado onde as transações financeiras usam cripto e blockchain. O presidente Joe Biden em março emitiu a primeira ordem executiva direcionada a tokens digitais para lidar com possíveis riscos.
Em Wall Street, os esforços feitos ao longo do ano passado estão se concretizando. O Jefferies, que já fornece serviços de financiamento de alavancagem, renda variável e emissão de títulos conversíveis para clientes de criptomoedas, planeja expandir nos próximos meses à medida que a demanda aumenta, disse Alexander Yavorsky, co-chefe global de instituições financeiras do grupo.
O Jefferies também explora a oferta de serviços de trading, corretagem e gestão de patrimônio para criptomoedas, disse ele.
Este mês, a BlackRock juntou-se a uma rodada de financiamento de US$ 400 milhões para empresa de stablecoin Circle e fechou uma parceria para explorar o uso de USD Coin no mercado de capitais.
No início deste ano, a Citadel Securities recebeu seu primeiro investimento externo de dois investidores do Vale do Silício com experiência em criptomoedas.