Vujčić diz que BCE deve continuar elevando juros apesar do sacrifício público
O Banco Central Europeu precisa continuar elevando os juros depois de março e deve mantê-los em níveis altos por um tempo, mesmo quando a inflação cair e esse “sacrifício” se tornar mais difícil de explicar ao público, disse a mais nova autoridade do BCE, Boris Vujčić.
Tendo aumentado os juros em 3 pontos percentuais desde julho, as autoridades começaram a ponderar quando e onde terminará o ciclo de aperto monetário mais rápido da história do BCE, especialmente porque a inflação agora está recuando rapidamente de máximas.
Mas o presidente do banco central croata, cujo país aderiu ao euro em 1º de janeiro, diz que a persistência da inflação subjacente significa que é prematuro prever o fim dos aumentos de juros e que o corte precificado pelos mercados para a virada do ano nem vale a pena discutir.
“É provável que vejamos mais ações de juros depois de março e eu deixaria a questão da taxa terminal para mais tarde”, disse Vujčić, economista de carreira, professor universitário e chefe do banco central da Croácia na última década, à Reuters.
“Então normalmente você manteria a taxa lá por algum tempo até ter certeza de que a inflação voltou para onde você quer que ela esteja”, disse ele em entrevista.
Visto como agressivo em política monetária como a maioria dos presidentes de bancos centrais do antigo leste comunista da Europa, Vujčić, de 58 anos, já participou das reuniões do BCE durante grande parte de 2022 e ainda tem mais um ano e meio de mandato.
Com os preços de energia caindo acentuadamente em comparação com as máximas de 2022 e as restrições das cadeias de suprimentos diminuindo, o BCE pode cortar suas próprias projeções de inflação no próximo mês, disse Vujčić.
E existe a possibilidade de que o crescimento dos preços caia para a meta de 2% do BCE mais rapidamente do que o esperado, acrescentou.
Ainda assim, isso não é um sinal de que o trabalho do BCE está feito, argumentou o croata.
O BCE precisa ver um declínio sustentado na inflação subjacente, que elimina os preços voláteis de alimentos e energia, pois esse número é um indicador mais confiável das pressões subjacentes dos preços e da eficácia da política monetária.
“Nesse caso, a política monetária deve ser restritiva o suficiente para empurrar o núcleo da inflação para baixo, o que não é uma tarefa fácil, pois pode implicar em uma taxa de sacrifício relativamente alta”, disse Vujčić.
“Teríamos que explicar ao público por que estamos mantendo uma política monetária restritiva se a inflação já caiu.”