CryptoTimes

Volumes falsos e wash trading precisam acabar

10 nov 2019, 7:00 - atualizado em 30 maio 2020, 14:39
“Wash trading” é um tipo de manipulação de mercado que faz o ativo parecer ter mais demanda do que ele realmente tem (Imagem: Pixabay/geralt)

Quando se fala de descoberta de preços e benchmarking (indicadores de referência), a evolução positiva do ecossistema de criptoativos depende bastante da confiança dos participantes de mercado a respeito dos dados. Mas com muitas exchanges relatando volumes errôneos, esse contexto está longe da realidade.

A Brave New Coin (BNC) rastreia o mercado de criptoativos desde o início de 2014 (com dados a respeito do bitcoin a partir de 2010).

Desde então, a política deles foi focar na precisão e integridade dos dados a fim de estabelecer uma plataforma robusta contra a qual o mercado não pode apenas estabelecer a descoberta de preço mas também otimizar risco de valor e de gestão.

A Bitwise apresentou à SEC um relatório que incluía análise de negociações em exchanges de criptoativos  em apoio a uma aplicação de um ETF.

Bitwise não possui um indicador tão amplo quanto o da BNC a respeito de dados falsos (Imagem: Bitcoin Magazine)

O relatório destacava a questão das exchanges relatarem volumes falsos de negociação, em que apenas 10 dentre 81 exchanges relataram volumes de negociação “qualificados”.

BNC apoia as análises da Bitwise. A própria análise da BNC mostra que a porcentagem do volume de negociações relatada que é errônea está aumentando. Enquanto o relatório da Bitwise fez a análise de 81 exchanges, a BNC rastreia mais de 240.

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A porcentagem de volume não qualificado

Esse não é um “crime sem vítimas”, principalmente para os investidores institucionais que realizam a maior parte das operações no espectro de negociações, onde o deslize de 10% no preço poderia equivaler a centenas de milhares de perdas.

Agora, existe a oportunidade para as exchanges de criptoativos criarem e autorregularem padrões mínimos de operação. Senão, é possível que regulações sejam impostas a elas. Para aquelas que não cumprirem, é possível que sejam isoladas do mercado.

Encontrando o problema

Os dados de volume falsos não é novidade, mas com uma alta porcentagem de dados de mercado sendo basicamente inutilizáveis, a responsabilidade de trazer integridade aos números está sob responsabilidade das exchanges com “boa reputação” que fornecem dados precisos.

Fornecedores como a Brave New Coin e outros que avaliam e filtram centenas de gigabytes de dados diariamente com o propósito de fornecer ferramentas de descoberta de preço aceitáveis como o programa de índices Liquid da BNC.

Incorporação de índices Liquid ajuda na avaliação de dados verdadeiros de diversas exchanges (Imagem: Pixabay/WorldSpectrum)

Essencial para a metodologia que incorpora os índices de liquidez para o bitcoin (BLX), ether (ELX) e ripple (XRPLX) é a avaliação contínua do grupo selecionado de exchanges cujos dados estão inclusos em cada índice.

Ao selecionar essas exchanges, a BNC avalia uma série de variáveis, incluindo um modelo de negócios de uma exchange, histórico de negociações e livros de oferta.

A série de índices Liquid da BNC

Os volumes mínimos de trading de dólar, euro e bitcoin também são considerados, além da utilização de processos antilavagem de dinheiro e KYC.

Processos de benchmarking tradicionais também têm papel fundamental e, por meio de um programa de governança interno e um oficial de compliance independente, os índices da BNC estão alinhados aos padrões reconhecidos de rastreamento de segurança, como aqueles desenvolvidos pela Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários (IOSCO, na sigla em inglês).

Índices da BNC estão alinhados aos padrões de rastreamento de segurança (Imagem: Pixabay/geralt)

O resultado é uma série de índices com redundância específica para reação de anomalias constituintes, efeitos e brechas estranhos na integridade dos dados.

Apesar de o mercado poder, sim, confiar em produtos como esses para fornecer dados de mercado confiáveis, o maior problema é que os volumes de dados falsos continua sendo uma crescente preocupação para o setor cripto.

O desafio é multifacetado. Desqualificar completamente as exchanges é a mesma coisa que dizer que todos os seus dados são falsos e que tudo foi ignorado implicaria na distorção perpétua de volumes falsos na avaliação de negociações verdadeiras e hipóteses comuns sobre o valor total do mercado.

Além disso, a tão antecipada entrada dos “investidores institucionais” no mercado vai exigir evidência de que os mesmos padrões de comportamento que esses megainvestidores veem nos mercados financeiros tradicionais serão aplicados em cripto.

BNC indica alguns itens que podem ajudar no combate aos dados falsos (Imagem: Facebook/Brave New Coin)

Para essa finalidade, a BNC recomenda que as exchanges incluam os seguintes itens nos padrões mínimos de operação:

– detalhar o país de operação e os parceiros bancários;

– ser transparente sobre a estrutura, os acionistas e diretores da empresa;

– cobrar taxas e mostrar um calendário preciso de taxas;

– aderir aos padrões globais de antilavagem de dinheiro e KYC

– ter mecanismos para prevenir a manipulação de preço e volume de negociações

– ter políticas de continuidade dos negócios e recuperação de desastres (BCDR, na sigla em inglês);

– fornecer regras detalhadas sobre listagem de tokens, processos e custos; e

– comprometer-se com a divulgação periódica de hacks e notificação de planos de remediação relacionados.

Não é algo que as exchanges tenham que enfrentar sozinhas. O ecossistema de exchanges é elemento importante do amplo mercado de criptoativos.

A BNC, em parceria com várias exchanges, cria relatórios e recomendações sob medida a respeito de operações, portfólios e perspectivas de mercado.

Com a ampliação e aprofundamento de dados, a BNC consegue obter estratégias de negociação persuasivas, além de receber a oportunidade de trabalhar com exchanges para ajudá-las a criar valor da incrível oportunidade que a digitalização de valor apresenta à economia global.