Volta do “overnight político” infecta 2017 melhor para economia
A lentidão nas reformas em conjunto com o retorno mais forte da crise política levou a uma longa série de revisões para o crescimento da economia em 2017. Falar em crescimento agora, aliás, já parece arriscado. Após oito semanas consecutivas de piora, o consenso aponta a um PIB raquítico de 0,8%. Em setembro, após Michel Temer assumir, a estimativa era de 1,36%.
Os dados abaixo do esperado para a economia no terceiro trimestre de 2016 motivaram a uma revisão das projeções. “Pensávamos em queda de 3,1% neste ano, mas passamos para 3,5%. No ano que vem estávamos com 1,3%, porém pelo carrego estatístico, o esperado reduziu para 0,6%”, ressalta Carlos Pedroso, economista sênior do Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFG).
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O banco Safra, por exemplo, que projeta um crescimento de 0,5% em 2017 e a Selic em 9,75% ao ano (inferior à média do mercado de 10,5%), faz um alerta: “os dados recentes nos deixaram mais preocupados com essa projeção, e não descartamos a possibilidade de o PIB apresentar desempenho mais próximo de zero no ano que vem”, concluem os economistas.
Bagunça
O tumulto político, contudo, também é um dos responsáveis por voltar a infectar as estimativas. Ministros importantes de Temer, Eduardo Cunha, Renan Calheiros (ainda segurando a faca caindo), todos eles deixaram a sua cicatriz nos sonhos da equipe econômica de andar com as reformas fiscal e previdenciária com a rapidez esperada.
“No Brasil, o governo Temer caminhou no ajuste fiscal com a aprovação da Lei do Teto dos Gastos na Câmara e em primeiro turno no Senado. Contudo, as incertezas políticas internas e externas, podem por em perigo esta melhoria estrutural inicial”, ressalta o Citi em um relatório que projeta um PIB de apenas 0,1% no ano que vem.
“Entendemos que a retomada da atividade se dará de maneira bastante gradual e está intimamente ligada à evolução positiva das medidas de reforma fiscal – com concomitante redução das incertezas a respeito do ambiente político – e ao processo de afrouxamento das condições monetárias”, afirma a equipe de Carlos Kawall, do Safra.
A sorte está, outra vez, lançada nas mãos dos políticos em Brasília.