Volcafe projeta queda de 33% na produção de arábica do Brasil
A produção de grãos arábica no Brasil, maior produtor mundial de café, deve cair 33% no próximo ano sob o impacto do clima seco justo quando agricultores aumentam a poda dos cafeeiros.
Essa é a previsão da Volcafe, uma das maiores tradings de café do mundo. A expectativa para a colheita no Brasil é de 34,2 milhões de sacas de café arábica no próximo ano em comparação aos 51 milhões neste ano, segundo relatório para clientes visto pela Bloomberg.
A previsão, que ainda pode ser revisada, foi calculada depois de um levantamento preliminar da safra, segundo a trading com sede em Winterthur, na Suíça.
Já se esperava queda da produção do Brasil em 2021 após a safra recorde deste ano e à medida que os pés de arábica entram na metade de menor produtividade do ciclo bienal.
Mas o tempo seco e o aumento da poda após a florada não ocorrida nas áreas de arábica do sul de Minas Gerais, Cerrado e Mogiana agravaram o quadro, e a Volcafe reduziu sua previsão em 3,3 milhões de sacas em relação à estimativa de junho.
“Embora normalmente os cafeeiros possam suportar períodos de pouca chuva de maio a agosto sem causar perdas irreversíveis, a seca prolongada, especialmente no sul de Minas, partes da Mogiana e do Cerrado nos últimos três meses, deixou a umidade do solo abaixo da média e um impacto negativo na florada”, disse a operadora.
A queda da produção brasileira na safra 2021-22 deve levar a um déficit recorde de 11 milhões de sacas no mercado de arábica, disse a Volcafe, citando uma estimativa calculada com base no ano-safra, que começa com a colheita em cada um dos países. abrangendo mais de um ano. A maioria das tradings de café costuma olhar os saldos dos 12 meses a partir de outubro.
A demanda por café caiu mais de 4 milhões de sacas em seis meses devido à pandemia. O consumo global encolheu 0,6% na temporada encerrada em 30 de setembro, estima a Volcafe.
Embora o consumo deva aumentar 1,2% na atual temporada, ainda estará abaixo da média de 5 anos de 2,6%, de acordo com o relatório.
O grão robusta, usado no café instantâneo e que também é mais comum nas embalagens de varejo, ganhou impulso com mais pessoas tomando café em casa.
“Projetamos que a proporção do uso do robusta permaneça elevada na próxima temporada”, disse a Volcafe.