AgroTimes

Vitória de Donald Trump pode reviver traumas do agronegócio norte-americano; Brasil sai ganhando?

17 jul 2024, 15:48 - atualizado em 17 jul 2024, 16:01
donald trump agronegócio (1)
A redução da demanda dos EUA, com possível conflito com a China pela volta de Donald Trump, tende a elevar o apetite por grãos do Brasil (Imagem: REUTERS/Carlos Barria)

A corrida eleitoral dos Estados Unidos aponta para uma vantagem de Donald Trump frente a Joe Biden na presidência do país, com o ex-presidente com 42,3% das intenções de voto, contra 40,3% do atual mandatário norte-americano.

No entanto, o agronegócio do país segue atento aos possíveis impactos negativos que o retorno de Trump pode implicar, já que em seu último mandato, ele comprou uma briga comercial com a China, o que fez com que o país asiático reduzisse o volume de compras vindas dos norte-americanos.

“Os preços em Chicago (CBOT) são os principais balizadores nos preços brasileiros da soja e milho, e o mercado futuro, que sempre olha para frente, vai se lembrar da imbróglio comercial que aconteceu no primeiro mandato de Trump, que pode se repetir. Com uma nova rodada dessa guerra comercial, a China pode comprar menos soja e milho dos EUA, o que pressiona os preços de forma negativa em CBOT, sendo negativo para o preço da oleaginosa e do grão no Brasil”, explica Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado.

  • Pensando em investir no agro? Confira a lista de melhores ações segundo a Empiricus Research e descubra qual é a empresa do setor que não pode faltar no seu portfólio. Clique AQUI para acessar gratuitamente.

Por outro lado, a redução da demanda pelos grãos norte-americanos tende a elevar a demanda pelas commodities brasileiras, com maiores volumes de exportação e estoque.

“Essas questões dependem, obviamente, do tamanho da produção brasileira. Mas, se pelo prisma de preços em Chicago nós podemos sair prejudicados, devemos ganhar em termos de demanda, o que naturalmente aumenta os prêmios de exportação. Outro fator que influenciará na formação de preços fica por conta do câmbio, algo difícil de prever, ainda que seja provável um fortalecimento do dólar diante de um novo conflito no mercado internacional”, discorre.

Na avaliação de Felippe Serigati, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP) e pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro), por mais que a política mais protecionista de Trump não tenha implicado em bons resultados, com aumento dos custos ao produtor norte-americano e consumidor, o empresário sinaliza que endurecer ainda mais suas políticas.

“O Trump tem essa pegada protecionista que não é o normal de um político do Partido Republicano. Ele promete tarifas de produtos vindo da China superiores a 60% e de 10% para outros fornecedores. Além disso, o Lula tem feito uma aproximação com a China e bloco dos BRICS. Não sei se a China vai retribuir isso, mas com certeza o Brasil não encontrará um canal congestionado com o país asiático, o que pode ser uma boa notícia”, vê.