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Vitor Miziara: O descompasso entre a indústria de investimentos e os investidores

10 jul 2020, 21:33 - atualizado em 10 jul 2020, 21:33
Mercados XP Investimentos Corretoras
“A evolução da indústria se deu em um ritmo mais rápido do que a do brasileiro no jeito de investir” (Imagem: LinkedIn/XP Investimentos)

Por conta de uma taxa de juros historicamente muito alta, os brasileiros nunca foram colocados “à prova” no mundo dos investimentos. Desde sempre o brasileiro se acostumou a deixar o dinheiro investido em títulos públicos, CDBs, ou qualquer outro produto de renda fixa que o rendimento era suficiente, perto do famoso “1% ao mês”.

Somos um país de baixo investimento na educação tradicional e menos relevante ainda na educação financeira. Esse histórico da taxa de juros alto impediu que o brasileiro buscasse novos conhecimentos no mundo de investimentos, seja por curiosidade e menos ainda por necessidade.

Sim, os juros altos nos deixaram burros nos investimentos!

A XP Investimentos, idealizada por Guilherme Benchimol (@guilhermebenchimol), inovou na indústria com duas frentes que estavam abandonadas há tempos: educação financeira e uma plataforma aberta de produtos. Ela ensinava o brasileiro a investir e, depois, oferecia a plataforma com diferentes produtos  e gestores diferentes, algo antes impensável por aqui.

Antes disso tudo era necessário, por exemplo, capital de uns R$ 500 mil para investir no fundo do lendário Luis Stuhlberger (hoje na Verde Asset). Depois da abertura das plataformas e distribuição de fundos, hoje é possível investir com o gestor com dez vezes menos, R$ 50 mil.

As plataformas se abriram ao mercado e mais produtos se tornaram disponíveis: fundos de investimentos, desde renda fixa a alternativos como ações globais e até fundos que aplicam no mercado de maconha.

A evolução da indústria não parou por ai!

“Hoje não tem desculpa para deixar de investir de forma sofisticada” (Imagem: Unsplash/ Austin Distel)

Para bater de frente com a renda fixa “padrão”, chegaram os títulos de crédito privado – títulos de dívidas de empresas. Depois vimos a emissão cada vez mais comum de fundos imobiliários, COEs e até Fundos de Fundos (um fundo que investe em outros fundos de investimentos).

O “problema” foi que a evolução da indústria se deu em um ritmo mais rápido do que a do brasileiro no jeito de investir. Se antes não havia opções, hoje há demais, trazendo mais dúvidas do que soluções para o iniciante.

Mas onde há gargalos existem oportunidades e, por isso, a educação financeira voltou a ganhar espaço. Aqui destaco os “influenciadores financeiros”. Críticas sempre vão existir, mas é preciso tirar o chapéu para algumas figuras públicas. Cito a Bettina Rudolph (@berudolph), Thiago Nigro – o Primo Rico (@thiago.nigro), Ana Magalhães (@explicaana), Tiago Reis (@tiagogreis), Nathalia Arcuri (@nathaliaarcuri) e muitos outros que poderia escrever um outro artigo só comentando sobre cada um deles.

Eu mesmo iniciei no @vmiziara no Instagram para compartilhar conteúdos financeiros.

É hora de sair da bolha e evoluir com o mercado. Estudar e diversificar! Investir ao contrário de “aplicar”, como defende Henrique Bredda (@hbredda), um dos primeiros gestores de fundos de investimentos do mercado e que começou um movimento de compartilhar informações e conhecimentos antes mesmo de o cliente investir no produto dele.

Hoje não tem desculpa para deixar de investir de forma sofisticada. Juros baixos, educação financeira de qualidade disponível e plataformas cada vez mais robustas com opções para todos os gostos, e bolsos.