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Visto do Reino Unido? Só para “os mais brilhantes do mundo”

19 fev 2020, 11:30 - atualizado em 19 fev 2020, 11:34
Reino Unido Bandeira
Vistos só serão concedidos a candidatos que atinjam pontos suficientes, acumulados de acordo com habilidades específicas, qualificação e salários (Imagem: Hollie Adams/Bloomberg)

O governo do primeiro-ministro Boris Johnson apresentou planos para acabar com o que chama de dependência do Reino Unido do “trabalho barato e pouco qualificado” e cumprir sua promessa de interromper a livre movimentação de pessoas — uma exigência da União Europeia — após o Brexit.

Um novo sistema de imigração baseado em pontos entrará em vigor em 1º de janeiro de 2021, informou o Ministério do Interior em comunicado enviado por e-mail.

Trabalhadores qualificados precisam provar que sabem falar inglês e ter uma oferta de emprego que pague pelo menos 25.600 libras esterlinas anuais (US$ 33.000) — menos do que o limite anunciado anteriormente, de 30.000 libras.

Vistos só serão concedidos a candidatos que atinjam pontos suficientes, acumulados de acordo com habilidades específicas, qualificação e salários.

“É um momento histórico para todo o país”, disse a Secretária do Interior, Priti Patel. O novo sistema “trará para baixo os números gerais de migração” enquanto atrai “os mais brilhantes e melhores do mundo todo”, acrescentou ela.

Johnson repetidas vezes afirmou que pelo menos parte da motivação dos eleitores que optaram pelo Brexit foi controlar a imigração. No entanto, os planos provavelmente vão alarmar empresas britânicas porque as medidas não fornecem uma rota para trabalhadores não qualificados chegarem ao Reino Unido.

No mês passado, um grupo de conselheiros governamentais estimou que 70% dos trabalhadores da UE que já vivem no Reino Unido não se qualificariam para vistos sob as novas regras. O governo afirma que as empresas devem fazer mais para treinar empregados locais.

“A velocidade e escala dessas mudanças exigirão ajustes significativos pelas empresas”, avisou Adam Marshall, diretor geral das Câmaras de Comércio do Reino Unido.

“As companhias já estão investindo pesadamente em talentos locais em todo o Reino Unido, mas a escassez crítica de mão de obra significa que as empresas ainda precisarão de acesso a trabalhadores estrangeiros de todos os níveis de qualificação.”

Sob o novo sistema, os imigrantes da UE receberão o mesmo tratamento de candidatos de fora do bloco. A regra se estende a vistos de estudante, segundo o governo. Pela primeira vez, estudantes da UE terão que provar que falam inglês, que têm uma proposta de uma instituição de ensino e que podem se sustentar financeiramente.

As regras têm algumas exceções para determinadas profissões, como nas áreas de ciência e pesquisa, que permitem que as pessoas venham para o Reino Unido sem uma oferta de emprego específica, acrescentou o governo.

“Durante muito tempo estivemos impotentes para ajudar, algemados pela Europa e forçados a aceitar regras; o fim da livre circulação muda tudo isso”, escreveu Patel em artigo publicado pelo jornal Sun on Sunday. “O público quer uma redução na imigração de pouca qualificação.”