Banco Central Europeu (BCE)

Visco critica colegas do BCE e amplia divisão entre autoridades

08 mar 2023, 9:13 - atualizado em 08 mar 2023, 9:13
Ignazio Visco
“A incerteza é tão alta que, como conselho, concordamos que decidiríamos a cada reunião, sem orientação futura”, disse o presidente do Banco da Itália em um discurso em Roma (Imagem: REUTERS/Guglielmo Mangiapane)

O membro do conselho do Banco Central Europeu Ignazio Visco criticou nesta quarta-feira alguns colegas do BCE por comentários sobre os juros futuros que divergiram do que havia sido combinado nas reuniões da instituição.

As declarações de Visco preparam o cenário para uma discussão acalorada na reunião do BCE na semana que vem, na qual o banco central deve elevar os juros pela sexta vez seguida e traçar o caminho a seguir na campanha para reduzir a inflação.

Visco, assim como Fabio Panetta, colega italiano no conselho executivo do BCE, é visto como um “dovish”, ou seja, que reluta em se comprometer com aumentos agressivos de juros, temendo que prejudiquem a economia.

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“A incerteza é tão alta que, como conselho, concordamos que decidiríamos a cada reunião, sem orientação futura”, disse o presidente do Banco da Itália em um discurso em Roma, divergindo de um texto distribuído anteriormente.

“Por esta razão, não aprecio comentários de meus colegas sobre aumentos futuros e prolongados nos juros”, acrescentou Visco, em fala contundente que destaca uma divisão cada vez maior no BCE.

Visco disse que, embora o BCE tenha conseguido estabilizar as expectativas de inflação, as incertezas geopolíticas significam que os desenvolvimentos econômicos são difíceis de prever.

“A política monetária deve, portanto, continuar a se mover com prudência e ser guiada pelos dados à medida que se tornam disponíveis.”

O BCE está elevando os juros no ritmo mais rápido já registrado, e seu economista-chefe, Philip Lane, disse na segunda-feira que ainda é provável que continue subindo depois de um aumento de 50 pontos-base neste mês que já foi praticamente anunciado.

Outros membros do conselho, considerados “hawkish”, pois atribuem importância primordial ao controle da inflação, mesmo que isso signifique prejudicar o crescimento e o emprego, foram além.

O presidente do banco central austríaco, Robert Holzmann, disse na segunda-feira que o BCE deve realizar altas de 50 pontos-base em cada uma das próximas quatro reuniões, já que a inflação está se mostrando persistente.

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