Internacional

Visão da Noruega como “bateria verde” da Europa é alvo de críticas

05 out 2019, 11:06 - atualizado em 05 out 2019, 14:38
Noruega
A grande oferta de água do país nórdico permite que as usinas hidrelétricas supram quase todas as necessidades domésticas de eletricidade (Imagem: Carina Johansen/Bloomberg)

A Noruega se tornou um dos países mais ricos do mundo graças aos seus vastos reservatórios de petróleo e gás natural. Com a expansão da energia verde, concessionárias de energia desejam replicar parte desse sucesso com a geração hidrelétrica.

A grande oferta de água do país nórdico permite que as usinas hidrelétricas supram quase todas as necessidades domésticas de eletricidade e exportem o restante para alguns países vizinhos. A rede holandesa já consome energia norueguesa, enquanto projetos estão em andamento com a Inglaterra e a Alemanha. Uma rede com a Escócia aguarda aprovação.

A tecnologia tem uma vantagem importante sobre os parques solares e eólicos – os operadores podem decidir quando liberar a água através de turbinas, tornando o fornecimento de energia limpa tão confiável quanto uma usina de combustível fóssil tradicional. Mas a visão da Noruega como uma gigante bateria verde para o norte da Europa possui detratores em casa.

Empresas de fundição intensivas em energia e fabricantes de produtos químicos, por exemplo, temem que conexões adicionais aumentem os preços da eletricidade e reduzam a vantagem competitiva que a energia hidrelétrica mais barata lhes oferece há décadas.

“Da maneira que parece hoje, não há vantagens em construir mais cabos”, disse Ole Borge Yttredal, diretor executivo da Federação das Indústrias Norueguesas. “A região nórdica precisa de um excedente de energia para ser atraente para a indústria.”

A energia nórdica foi negociada a preços 21% a 7% mais baratos que no Reino Unido e na Alemanha, respectivamente. Mas, quando a eletricidade começar a fluir entre a Noruega e esses países em 2021, o custo da eletricidade na região nórdica começará a aumentar rumo a níveis continentais, segundo a consultoria Wattsight.

Também existe resistência entre parlamentares da oposição de usar os recursos renováveis da Noruega para exportar energia barata quando o país planeja eletrificar tudo no mercado doméstico, desde transporte e plataformas de petróleo até processos industriais. Se a Noruega enviar todo o seu excesso de eletricidade para outros países, ainda cobriria apenas 0,5% da demanda europeia, disse Sigbjorn Gjelsvik, um parlamentar do Partido do Centro.

“A Noruega nunca será a bateria verde da Europa”, disse Gjelsvik em entrevista. “A ideia de exportar nossa eletricidade como uma commodity pura e de que isso salvará o mundo é uma política ambiental e climática imprudente e não uma política comercial muito sólida.”

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