Visa se aventura nos NFTs ao incluir CryptoPunk em sua coleção de artigos retrô
Nesta segunda-feira (23), a empresa de tecnologia de pagamentos Visa (VISA34) anunciou ter entrado para o mundo do comércio de tokens não fungíveis (NFTs, na sigla em inglês).
Visa comprou a CryptoPunk de número 7.610 — uma das 3.840 punks femininas — por cerca de US$ 150 mil na semana passada.
CryptoPunks são considerados como os NFTs originais, lançados em 2017 pelo Larva Labs. São uma coleção de dez mil imagens em arte pixel de personagens desajeitados e excêntricos. Cada CryptoPunk possui sua própria personalidade e uma combinação única de características.
“Achamos que CryptoPunks seriam uma grande adição para nossa coleção de artefatos que podem mapear e celebrar o passado, o presente e o futuro do comércio”, disse Cuy Sheffield, diretor de cripto da Visa, em entrevista ao The Block.
Visa possui diversos artigos retrô relacionados ao comércio como parte de sua coleção de arte, incluindo cartões de crédito em papel e “knuckle-busters” — dispositivos utilizados para registrar transações em cartões de crédito antes da criação de terminais eletrônicos de pontos de venda —, afirmou Sheffield.
Quando perguntado por que a Visa acrescentou uma CryptoPunk à sua coleção, Sheffield disse que CryptoPunks “foram pioneiros na tecnologia NFT e na onda do comércio de NFTs”, então Visa queria possuir um punk.
Ele disse que a decisão não era em relação à punk individual, e sim sobre CryptoPunks em geral, dado que é um histórico projeto NFT.
Visa trabalhou com o Anchorage Digital para comprar o CryptoPunk, ou seja, o Anchorage facilitou a transação e está custodiando o NFT para a Visa, explicou Sheffield: “adquirimos [a CryptoPunk] do Anchorage usando moedas fiduciárias”.
Este ano, a Visa já havia firmado uma parceria com o Anchorage para firmar pagamentos com a stablecoin USDC na Ethereum.
NFTs no comércio
A Visa acredita que NFTs terão um papel importante no futuro do comércio.
NFTs podem ajudar criadores de conteúdo individuais e pequenas a médias empresas de formas inovadoras, disse Sheffield: “NFTs são uma interseção entre cultura e comércio”.
Sheffield comparou NFTs com o início do e-commerce (o comércio digital), afirmando que e-commerce possibilitou que pequenas empresas vendessem seus produtos on-line e atingissem clientes em todo o mundo. Porém, ainda têm de produzir e enviar os bens físicos, o que pode ter altos custos iniciais.
Então, NFTs permitem que uma pequena empresa se beneficie de um blockchain público para criar um bem digital, que pode ser entregue instantaneamente para uma carteira cripto em qualquer lugar do mundo, explicou Sheffield, acrescentando que “podemos imaginar um futuro em que um endereço cripto se torna tão importante quanto seu endereço residencial”.
A Visa observa um interesse “bem significativo” de comerciantes, marcas e plataformas de conteúdo que visam participar do setor de NFTs. “Agora, estamos nos comprometendo a ajudar clientes a navegarem por maneiras em que possam participar do ecossistema de comércio de NFTs”, afirmou Sheffield.
A Visa também publicou um whitepaper (documento informacional) sobre NFTs para ajudar empresas a entenderem como podem integrar NFTs a suas plataformas e como a Visa pode ajudar nisso.
Em relação ao papel principal da Visa, a empresa quer ajudar clientes a adquirirem NFTs e comerciantes a aceitarem NFTs com a mesma facilidade de que o fazem com bens digitais e tradicionais e e-commerce, afirmou Sheffield.
Atualmente, a empresa está “interagindo ativamente” com inúmeros clientes, ajudando-os a entender como participar do ecossistema de NFTs, afirmou Sheffield, negando-se a divulgar nomes.
Visa criou sua equipe interna de cripto em 2019 e realizou diversas iniciativas no setor desde então.
Recentemente, a Visa se tornou a primeira grande rede de pagamentos a utilizar uma stablecoin para liquidar uma transação. Também pretende facilitar pagamentos com moedas digitais de banco central (CBDCs).
Matéria originalmente publicada às 8h58. Atualização às 11h42:
A influência da Visa
Após a notícia de que a Visa havia adquirido a CryptoPunk, há uma alta demanda por CryptoPunks no mercado.
Cerca de 90 NFTs da coleção foram vendidos em uma única hora, cujo valor total dessas vendas chega a quase US$ 20 milhões.
Grande parte dos CryptoPunks vendidos são personagens humanos, segundo o site do Larva Labs. A maioria das vendas foram entre US$ 180 mil e US$ 250 mil, apesar de um CryptoPunk ter sido vendido por US$ 917 mil.
Esses ativos vendidos recentemente estão bem acima do preço médio de venda dos CryptoPunks que, atualmente, é de US$ 170 mil, segundo painel de dados do The Block.
Vendas de CryptoPunks podem ultrapassar essa média. Segundo o rastreador de negociações com NFTs CryptoSlam, a venda mais cara foi a de US$ 7,6 milhões pelo CryptoPunk nº 7.804, um punk alienígena com óculos, um cachimbo e um boné.