Vírus leva China a avaliar corte da meta de crescimento em 2020
Autoridades chinesas analisam se a meta de crescimento econômico deste ano deve ser cortada como parte de uma revisão mais ampla de como os planos do governo serão afetados pelo surto do coronavírus, segundo pessoas a par do assunto.
A meta de crescimento anual da China é normalmente divulgada em março durante a sessão legislativa, depois de ter sido endossada pelos principais líderes na Conferência Anual de Trabalho Econômico Central, que ocorreu a portas fechadas em dezembro. A expectativa de economistas era de que a China divulgasse uma meta de crescimento do PIB de “cerca de 6%” este ano, depois de buscar um intervalo entre 6% e 6,5% em 2019.
Autoridades também avaliam medidas adicionais para estimular a economia, incluindo o aumento do teto planejado para a relação déficit fiscal/PIB e a venda de títulos públicos especiais, disseram as pessoas, que não quiseram identificadas. As decisões finais não foram tomadas, acrescentaram.
A reunião legislativa deste ano, prevista para começar em 5 de março, pode ser adiada, pois a epidemia interfere no dia a dia em todo o país.
O Gabinete de Informação do Conselho de Estado da China não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Quaisquer mudanças na meta de crescimento teriam que ser aprovadas pelos principais líderes do Partido Comunista.
Mesmo antes do surto, a economia da China mostrava desaceleração em meio à fraca demanda doméstica, ao controle do endividamento e à guerra comercial com o governo Trump. O PIB cresceu 6,1% no ano passado, o menor ritmo de expansão em quase três décadas, ficando por pouco fora do intervalo da meta estipulada pelo governo do presidente Xi Jinping.
Em um cenário de contenção – com um impacto grave, mas de curta duração -, o vírus poderia levar o crescimento do PIB da China no primeiro trimestre para 4,5% na comparação anual, de acordo com a Bloomberg Economics. O número representaria uma desaceleração em relação aos 6% no período final de 2019 e seria o desempenho mais fraco desde que os dados trimestrais começaram a ser rastreados em 1992.
A maioria das províncias da China havia informado antes da propagação do vírus que esperavam um crescimento econômico mais lento em 2020. Pelo menos 22 das 31 grandes cidades, províncias e regiões autônomas tinham cortado metas em 21 de janeiro, de acordo com relatórios de planejamento para este ano.
O banco central da China tomou os primeiros passos concretos para proteger a economia e mercados em queda do golpe do vírus, fornecendo financiamento de curto prazo a bancos e reduzindo a taxa de juros.
O Banco Popular da China injetou 150 bilhões de yuans (US$ 21,4 bilhões) no sistema na segunda-feira por meio de operações compromissadas reversas de 7 e 14 dias. A taxa para ambos foi reduzida em 10 pontos-base para “garantir ampla liquidez durante o período especial de controle do vírus”, afirmou o banco central chinês em comunicado. O assessor do Banco Popular da China Ma Jun indicou que espera mais cortes das taxas no fim do mês.
A injeção de capital faz parte de uma série de medidas de estímulo anunciadas no fim de semana para amenizar a onda de vendas dos mercados e ajudar empresas afetadas pelo surto da doença e pelas férias prolongadas.