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Vírus interrompe 16 anos de expansão para Boeing e Airbus

11 mar 2020, 17:08 - atualizado em 11 mar 2020, 17:08
Boeing Setor Aéreo Empresas
A demanda por novas aeronaves seca diante da cautela de clientes que evitam as viagens aéreas por temor do coronavírus (Imagem: Reuters/Lindsey Wasson)

A Boeing e a Airbus, que até recentemente não conseguiam fabricar aviões com rapidez suficiente para atender às companhias aéreas, de repente enfrentam o risco oposto: produzir jatos sem ter compradores.

A demanda por novas aeronaves seca diante da cautela de clientes que evitam as viagens aéreas por temor do coronavírus, interrompendo a expansão mais longa da história da aviação.

Esse boom de 16 anos começou quando as companhias aéreas emergiam de outra crise de doença infecciosa, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). Agora, o novo coronavírus aponta indica tempos de crise.

Em menos de um mês, a turbulência enxugou o valor de mercado da indústria aeroespacial dos EUA em cerca de US$ 175 bilhões, uma significativa fonte de exportações do país.

E o futuro parece igualmente sombrio. A receita de passageiros pode cair até US$ 113 bilhões este ano se o vírus se espalhar extensivamente, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo, a maior do setor aéreo global.

“Pessoalmente, acho que vai piorar antes de melhorar”, disse Domhnal Slattery, diretor-presidente da Avolon Holdings, a terceira maior empresa global de leasing de aeronaves.

A Boeing e a Airbus, que nadavam no dinheiro devido à onda de compras de companhias aéreas de US$ 1,15 trilhão desde 2008, agora estão concentradas em preservar capital e evitar os “white tails”.

Esse é o termo do setor para aeronaves sem comprador. Mesmo companhias aéreas de porte, como Delta Air Lines e United Airlines, avaliam cuidadosamente os planos antes de comprar novos aviões.

As restrições de viagens relacionadas à pandemia têm impedido que representantes de companhias aéreas da China, o maior mercado internacional para novos aviões, visitem o centro de entregas da Boeing, em Seattle, ou da Airbus, na França, para testar e assinar contratos de novos jatos.

Para garantir que as encomendas às companhias asiáticas cheguem no prazo, a Boeing discute com alguns clientes o adiamento dos pagamentos antes da entrega, de acordo com uma pessoa a par do assunto.

Airbus A350
Durante períodos de turbulência, a Airbus, com sede em Toulouse, recorre a uma equipe extra para ajudar clientes em dificuldades a adiar pedidos de aeronaves (Imagem: REUTERS/Jim Young)

A Boeing disse que monitora de perto o mercado e as necessidades dos clientes. A empresa já usou US$ 7,5 bilhões dos US$ 13,8 bilhões de um empréstimo feito em janeiro para ajudar a aumentar o caixa até que o Max volte ao mercado.

“Administrar nossa liquidez e o balanço patrimonial são as principais áreas de foco”, disse um porta-voz, acrescentando que “avaliará todas as alavancas para ajudar a fornecer liquidez adequada à medida que enfrentamos os desafios atuais.”

Durante períodos de turbulência, a Airbus, com sede em Toulouse, recorre a uma equipe extra para ajudar clientes em dificuldades a adiar pedidos de aeronaves, além de permitir que compradores em busca de oportunidades furem a fila.

A empresa conseguiu movimentar mais de 600 pedidos dessa maneira entre 2009 e 2011, após o último choque econômico global.

Alguns representantes do setor estão mais otimistas, observando que outros surtos terminaram em questão de meses e a demanda reprimida por viagens retornará.

Em mais de meio século, a aviação comercial resistiu aos chamados “cisnes negros”, onde o tráfego aéreo congela e depois retorna mais forte, disse John Plueger, CEO da Air Lease Corp., a maior empresa de leasing de aeronaves de capital aberto dos EUA.

“Não tenho dúvidas de que isso também passará”, disse.

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