Mercados

Tombos de mais de 90%: As ações que viraram pó em 2024

30 dez 2024, 18:45 - atualizado em 30 dez 2024, 19:11
Queda Ibovespa
(Imagem: iStock/Lemon_tm)

O ano termina com gosto bem amargo para investimentos em renda variável. Enquanto o Ibovespa caiu 10,38%, apenas 18% das ações do índice fecharam o ano positivas. Em dólar, é o pior desempenho desde 2015.

As perspectivas para o ano que vem também não são nada favoráveis, com a expectativa de taxa terminal de juros de 14%. Nesse meio tempo, empresas que já estavam em uma situação difícil se enrolaram ainda mais.

Seja problema de má gestão, seja por fraudes, como o caso Americanas (AMER3), ou pela conjuntura, na bolsa o mercado não perdoou, com algumas ações caindo mais de 90%.

Abaixo, o Money Times listou algumas empresas que derreteram no ano.

Infracommerce

Queda no ano: 96,76%

Cotação atual: R$ 0,06

A Infracommerce (IFCM3) faz parte da mais recente safra de IPOs e chegou a bolsa em 2021 valendo R$ 16. Especializada em fornecer soluções digitais integradas para e-commerce, levantou R$ 870 milhões em sua oferta de ações.

No ano, a ação, que já vinha em queda, piorou com o prejuízo líquido de R$ 1,54 bilhão no segundo trimestre. No mesmo período do ano passado, a empresa tinha registrado prejuízo líquido de R$ 52,4 milhões.

Segundo a companhia, a baixa deve-se a um impairment — também é conhecido como uma redução no valor recuperável de um ativo — de 100% do ágio registrado no momento das aquisições e uma redução parcial nos demais ativos.

Ao todo, a empresa teve R$ 1,376 milhão como despesas com impairment no segundo trimestre.  Já no terceiro trimestre, houve prejuízo líquido de R$ 93,8 milhões.

Apesar disso, promete mudar o jogo. Ao Money Times, o CEO Luiz Pavão afirmou que espera uma conclusão da reestruturação, que envolve uma redução de 30% a 35% nos custos operacionais, até o final de dezembro, garantindo que a empresa inicie 2025 ajustada às novas metas.

Segundo o executivo, a reestruturação impactará diversas áreas, incluindo colaboradores, galpões logísticos e fornecedores. A transição é descrita como essencial para a nova realidade do mercado. “O que falta será finalizado pós-Black Friday, e começamos janeiro com a redução completa”, disse.

Pavão sublinhou que o foco é retomar o core business, reduzindo operações periféricas e priorizando clientes estratégicos. “O objetivo é integrar o que faz parte do core ao ecossistema principal, como sempre foi na América Latina”, afirmou.

Americanas

Queda no ano: 93,19%

Cotação atual: R$ 6,20

A Americanas se tornou caso emblemático na bolsa após fraude de R$ 20 bilhões no começo de 2023. Em 2024, avançou com sua reestruturação.

Além do buraco contábil, a varejista opera em um setor sensível e com margens apertadas, o que pode piorar ainda mais com a alta da Selic.

A empresa iniciou o ano com a aprovação de seu plano de recuperação judicial, elaborado ao longo de 2023.

Em fevereiro, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro homologou o plano de recuperação judicial, permitindo que a empresa iniciasse a reestruturação de suas dívidas e operações.

No terceiro trimestre, a varejista registrou um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões, revertendo o prejuízo de R$ 1,63 bilhão no mesmo período do ano anterior.

Apesar disso, o resultado foi atribuído à implementação do Plano de Recuperação Judicial, que incluiu a liquidação de dívidas com descontos significativos.

A empresa encerra o ano com alta de 54%, o que não evita o papel de despencar no ano.

Agrogalaxy

Queda no ano: 87%

Cotação atual: R$ 0,45

A Agrogalaxy (AGXY3) chegou a bolsa em 2021, porém viu em 2024 um pedido de recuperação judicial bater a porta.

Apontou um passivo total no valor de R$ 4,67 bilhões no seu pedido de recuperação judicial. Entre os maiores credores da empresa, destaque para a Vert Companhia Securitizadora, responsável por estruturar Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) da AgroGalaxy, com R$ 516,4 milhões a receber.

Segundo a companhia, a conjugação da queda nos preços das commodities, eventos climáticos adversos, juros elevados e elevação dos custos de produção provocou um aumento expressivo na inadimplência dos produtores rurais, com forte impacto na liquidez da empresa. Um cenário desafiador que afetou a cadeia agroindustrial de forma geral. 

Desde 2023, a AgroGalaxy enfrenta diversos desafios.

No ano passado, em 30 de junho, Welles Pascoal, responsável pelo IPO, voltou ao cargo de CEO da empresa, e alguns dias após o seu retorno, a empresa anunciou a demissão de mais de 40 funcionários, como você viu aqui no Money Times com exclusividade. Em 11 de julho, a companhia reduziu sua projeção para novas lojas para o ano.

Em agosto de 2023, duas semanas antes da empresa ver seu prejuízo disparar 139% no 2T23, o CFO da AgroGalaxy renunciou ao cargo. Já em setembro daquele ano, a companhia aprovou a negociação para alongamento de dívidas de curto prazo junto a credores. Após isso, no 3T23, a empresa reportou queda de 23% na receita líquida total, atingindo R$ 2,4 bilhões.

Queda no ano: 85%

Cotação atual: R$ 1,30

Outra empresa que entrou em recuperação judicial, a Gol (GOLL4) também viu a sua despencar. Logo em janeiro, a aérea recorreu aos tribunais dos Estados Unidos para se proteger dos credores.

Dívidas, que chegaram em R$ 25 bilhões e se acumularam especialmente após a pandemia de Covid-19, quando muitas companhias aéreas enfrentaram uma drástica redução na demanda por viagens, aumento nos preços dos combustíveis e alta do dólar foram fatores que contribuíram para a empresa recorrer à justiça.

No terceiro trimestre, registrou um prejuízo de R$ 830 milhões, redução de 36% comparado ao prejuízo de R$ 1,3 bilhão no terceiro trimestre de 2023.

Em novembro, a empresa firmou um acordo com seu acionista Abra para converter US$ 950 milhões de dívida em ações da GOL, como parte do plano de reestruturação. A companhia espera sair do Capítulo 11 até abril de 2025.

Para 2025, ‘fica no ar’ uma possível fusão com a Azul (AZUL4), que também passou por dificuldades no ano.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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