Vinci Partners vê oportunidades de aquisições na América Latina
A Vinci Partners Investments, gestora de investimentos alternativos brasileira que abriu capital nos EUA no ano passado, estuda aquisições na América Latina em meio a um aumento de resgates nos fundos multimercado.
“A indústria no Brasil e na América Latina está altamente volátil por causa da turbulência global”, disse o presidente da Vinci, Alessandro Horta, em entrevista por vídeo do Rio de Janeiro. A reviravolta cria oportunidades para aquisições, disse ele.
A turbulência nos mercados de ações dos EUA e o aumento das taxas de juros em todo o mundo reduzem o apetite dos investidores por investimentos mais arriscados na América Latina, e muitos migram para títulos do Tesouro e fundos de renda fixa mais conservadores.
Após seis anos de captação positiva, os fundos multimercado registraram saídas líquidas de R$ 58,3 bilhões este ano até abril no Brasil, segundo a Anbima, a associação do mercado de capitais.
A Vinci está bem posicionada para aproveitar a mudança na realidade do mercado, de acordo com Horta, que disse que os recursos sob gestão da empresa terminaram o primeiro trimestre 3% acima do fim do mesmo trimestre de 2021, em R$ 57 bilhões. Após sua oferta pública inicial de ações, a empresa ainda tem cerca de R$ 1,4 bilhão de caixa líquido para financiar aquisições e ancorar novos fundos.
“Embora a indústria esteja sofrendo, temos um modelo mais resiliente”, disse Horta. Isso porque os produtos da Vinci são fundos de longo prazo com lock-ups, “e mesmo os mais líquidos tiveram apenas pequenas saídas”. Horta disse que sua empresa pode “ir com calma” na busca por candidatos à aquisição. “Não há nada no curto prazo,” disse.
Alguns de seus rivais já foram às compras. O brasileiro Pátria concluiu a aquisição do chileno Moneda em dezembro, criando uma empresa com quase US$ 25 bilhões sob gestão em fundos incluindo os de private equity, infraestrutura e de crédito. No início deste mês, a gestora brasileira de créditos inadimplentes Jive Investments anunciou uma fusão com a Mauá Capital.
O foco inicial da Vinci será comprar empresas no Brasil que ofereçam “novas estratégias, nova inteligência, informações”, disse Horta, acrescentando que parcerias não estão descartadas, mas que o objetivo principal é “aproveitar sinergias”.
O crescimento também virá organicamente, disse ele, acrescentando que a empresa planeja levantar cerca de R$ 10 bilhões ao longo de um ano para investir no Brasil em private equity, infraestrutura, crédito e mercado imobiliário.
“O Brasil está em uma situação relativamente melhor” para lidar com os desafios como a invasão da Ucrânia pela Rússia, os bloqueios por causa de Covid na China e políticas monetárias mais restritivas, disse Horta. “Por ser um exportador de commodities em um ambiente de altos preços de commodities, o Brasil tem um superávit confortável nas contas externas, e o câmbio está mostrando isso.”
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