Vietnã por enquanto não pode aliviar aperto em oferta de café
Consumidores globais de café em busca de mais suprimentos para preencher o vazio deixado pelas geadas no Brasil não conseguirão muito alívio no Vietnã.
As exportações do país, maior produtor de café robusta, estão em queda devido aos estoques esgotados de produtores, piora da onda de Covid-19 e forte escassez de contêineres.
As remessas devem continuar caindo até setembro, segundo Intimex Group e Simexco Daklak, que são grandes exportadores.
“Os agricultores dizem que estão sem grãos e, portanto, não podem se beneficiar desse aumento dos preços”, disse Do Ha Nam, presidente do conselho da exportadora número 1 Intimex Group. “Não compramos grãos e não vendemos grãos há mais de um mês.”
Os preços da variedade arábica negociada em Nova York subiram para os níveis mais altos desde 2014 esta semana, em meio às baixas temperaturas que destruíram cafeeiros no Brasil.
Isso ajudou a elevar os contratos do robusta em Londres para a maior cotação desde 2017. O arábica caminha para uma alta de 25% este mês e o robusta, para um ganho de cerca de 13%.
“A alta dos preços não beneficiou muito os exportadores”, disse Phan Hung Anh, diretor-presidente da Quang Minh Coffee Trading, na província de Binh Duong. “O aumento dos custos de transporte desestimulou importadores a comprarem grãos no Vietnã. Não temos novos contratos para comprar grãos dos agricultores.”
Enviar um contêiner do Vietnã para a Europa custa até US$ 10 mil, de seis a sete vezes mais do que há um ano, de acordo com Anh, que prevê queda pelo menos 20% dos embarques de sua empresa ao exterior neste ano, em relação a 50 mil toneladas em 2020.
Exportadores do país não têm conseguido lucrar muito com os ganhos no mercado, porque os estoques dos armazéns na área da cidade de Ho Chi Minh já foram precificados, segundo pesquisa com tradings. “Temos grãos suficientes para cumprir nossos compromissos até o fim da temporada”, disse Le Tien Hung, presidente do conselho da Simexco Daklak, segunda maior exportadora.
Exportadores temem que os problemas logísticos possam persistir até o fim deste ano, quando começa a colheita e as exportações normalmente aumentam. Um novo surto de casos de coronavírus é outra preocupação.
A colheita pode desacelerar se o coronavírus permanecer até o pico em novembro, disse Hung, da Simexco, que estima safra menor devido ao volume mais baixo de chuvas e à falta de investimentos.
Embora a maioria das tradings tenha dito que é muito cedo para uma previsão, cinco dos 11 entrevistados esperam uma boa safra, com dois esperando aumento de 6% a 10% em relação ao ano anterior, quando a produção somou 1,7 milhão de toneladas.
No acumulado até julho, as exportações estão 9% abaixo do ano anterior, de acordo com a agência de estatísticas.