Vídeo de Bolsonaro: é improvável que Augusto Aras leve caso adiante, diz MCM
Passado o impacto inicial da divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, começa a crescer a avaliação de que, embora contenha cenas reprováveis do presidente Jair Bolsonaro e de seus assessores, não há nada capaz de fulminar seu mandato. Além de operadores do mercado, analistas políticos começam, também, a se convencer disso.
A MCM Consultores é um exemplo. Em relatório enviado aos clientes nesta segunda-feira (25), a consultoria afirma que o vídeo “não apresentou uma prova contundente a respeito da intenção de Bolsonaro de interferir na Polícia Federal para proteger familiares e amigos contra investigações em andamento”.
Apontada pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, como a prova definitiva de que Bolsonaro interferia indevidamente na PF para evitar que seus filhos e amigos fossem investigados, a gravação teve sua divulgação autorizada pelo ministro Celso de Mello, do STF, na última sexta-feira (22), praticamente na íntegra.
A MCM acrescenta que, mesmo que tenha reforçado indícios de ação indevida, “é pouco provável, entretanto, que o conteúdo do vídeo anime o PRG, Augusto Aras, a deixar de lado a atitude amigável, por assim dizer, em relação à situação do presidente e apresentar uma queixa crime contra Bolsonaro.”
Uma mão lava a outra
Como se sabe, Aras é cotado para uma das duas vagas que serão abertas no STF, entre este ano e o próximo. Segundo a imprensa, ele tem interesse em integrar a suprema corte brasileira, algo que só será possível se Bolsonaro o indicar.
A MCM também é cética, quanto à capacidade do vídeo aglutinar forças suficientes no Congresso para ameaçar o mandato do presidente. Mesmo a opinião pública tende a continuar na mesma situação, com os bolsonaristas reforçando seu apoio, com o argumento de que Bolsonaro foi “autêntico” na reunião.
Já eleitores neutros podem se afastar do presidente, mas o impacto desse movimento deverá ser medido pelas próximas pesquisas de opinião. A MCM recorda, ainda, que os militares não se incomodaram com os palavrões ou qualquer outro aspecto do vídeo.
“O vídeo não alterou a improbabilidade de impeachment ou de afastamento de Bolsonaro para julgamento por crime comum”, diz a consultoria. “Não foi bala de prata para derrubar Bolsonaro”. A MCM pondera, contudo, que, mesmo assim, “dificilmente o governo Bolsonaro sairá ileso” do episódio, já que o vídeo “tende a deixar cicatrizes”.