Victor Marques: como investidores encontram startups?
Apenas ter uma ideia não é suficiente. Embora seja comum pensar que uma ideia inovadora é suficiente para ter uma startup de sucesso, a realidade é muito diferente. A ideia é o princípio, mas a construção importa muito mais, afinal – em pouco tempo – será preciso que outras pessoas acreditem e invistam nessa ideia junto ao empreendedor.
Quase toda startup precisará de investimento em alguma etapa do seu crescimento e desenvolvê-la pensando nos caminhos possíveis para garantir sua existência é indispensável para qualquer negócio da Nova Economia.
Hoje, já existem diversas vias para investir em startups de diferentes estágios, desde aquelas que estão em fase inicial até as que já possuem faturamento, mas que necessitam de capital para potencializar as vendas e ganhar escala.
Para quem vê de fora, pode parecer contraditório uma startup comemorar rodadas frequentes de investimento: o senso comum diz que se uma empresa está captando dinheiro é porque não está dando lucro o suficiente para crescer. Mas, no mundo das startups, captar recursos é como ganhar um campeonato: deve ser muito comemorado.
É por isso que na jornada de crescimento de uma startup ocorre uma espécie de corrida de revezamento: múltiplas rodadas de investimento são captadas, com valores cada vez maiores, auxiliando no crescimento do negócio até possibilitar uma saída (a venda da participação de um investidor de uma rodada anterior, realizando o lucro da operação). Assim, um investidor passa para o próximo, muitas vezes através de diferentes vias de investimento em cada rodada.
Aqui vamos apresentar opções de investimento para cada estágio:
Via aceleradora
Investir através de aceleradoras é uma opção para pessoas físicas. As startups investidas geralmente estão em fase muito inicial e por isso são investimentos de maior risco. Funciona assim: os investidores aportam na aceleradora que seleciona as startups para montar o portfólio de investidas. A maioria das aceleradoras utiliza de comitês com os investidores para escolher as empresas que serão investidas. O valor investido por startup varia bastante, mas o total para cada investidor fica em torno de R$ 50 a R$ 100 mil. A média de tempo para o retorno do investimento é superior a quatro anos.
Via investimento anjo
Esse tipo de investimento também é uma opção para quem busca startups em estágio bastante inicial. Os investidores anjos precisam dispor de tempo para agregar valor com sua rede de relacionamentos e seus conhecimentos, além do capital, claro. Geralmente, as startups contam com 2 a 5 investidores, com o investimento podendo variar de R$50 a R$250 mil para um portfólio com total entre R$250 mil a R$2,5 milhões.
Via fundo de investimento (Série A, B, C…)
Esse é um caminho para investidores institucionais, feito – majoritariamente – em startups que já estão crescendo de forma acelerada, com valor a partir de R$ 10 milhões por startup, com expectativa de retorno a partir de dois anos. Série A se refere a primeira rodada de investimentos feita junto à fundos de venture capital. Ou seja, é a primeira rodada significativa de investimentos junto a investidores profissionais. As séries B, C, D…são as rodadas que se seguem à primeira.
Via plataformas de investimento
Crescente no país, esse tipo de investimento teve um aumento de 43% em 2020, de acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), chegando a R$ 84,4 milhões investidos. Esse total é 10 vezes superior ao captado em 2016, de R$ 8,3 milhões.
Aqui as startups já validaram seus produtos no mercado, havendo risco menor que os investimentos em estágios mais iniciais, mas ainda sendo considerado um investimento de risco. A vantagem está na maior possibilidade de criar um portfólio de startups investidas, o que reduz o risco, pois esse é diluído em diversas startups. Com tickets de entrada menores (R$ 1000 na CapTable, por exemplo), é possível montar uma estratégia com olhar para o futuro: o retorno costuma ser de longo prazo, embora haja casos de retorno em menos de dois anos.
Victor Marques é Head de Conteúdo na CapTable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que democratiza o acesso aos investimentos em startups e conecta seus mais de 5000 investidores a empreendedores com negócios inovadores – tendo captado mais de R$ 29 milhões para 21 startups somente em 2021. Também, é redator parceiro da StartSe. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).