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Vibra (VBBR3) entre as maiores perdas do Ibovespa (IBOV) após compra da Comerc; dividendos em risco?

22 ago 2024, 12:02 - atualizado em 22 ago 2024, 17:32
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Ações da Vibra estão entre as maiores perdas do Ibovespa após anúncio de compra da Comerc (Foto: Vibra/Divulgação)

A Vibra (VBBR3), que já detém participação de 50% na Comerc desde 2021, decidiu se antecipar e exercer direito de compra por mais 50% da empresa, que atua no mercado livre de energia, segundo documento enviado ao mercado na quarta-feira (21). A expectativa era que a aquisição ocorresse apenas em 2026.

Nesta quinta-feira (22), as ações operaram entre as maiores quedas do Ibovespa (IBOV) e encerraram o dia com baixa de 3,45%, a R$ 25,18.



A aquisição deve ser concluída no primeiro trimestre de 2025 e a Vibra pagará R$ 3,52 bilhões pela participação à Perfin e outros acionistas da Comerc com base em 1º de julho de 2024, que será ajustado pelo CDI até a liquidação da operação.

Segundo a Vibra, a companhia possui baixo risco operacional após ciclo de crescimento. Em 2021, na aquisição inicial, foi avaliada em cerca de R$ 6,80 bilhões, valor que, corrigido pelo CDI, equivaleria à cerca de R$ 9,24 bilhões.

Na avaliação de analisas do Bradesco BBI e Ágora Investimentos, existem dois ângulos pelos quais a transação pode ser vista.

Do lado positivo, remove a pressão vendedora (overhang) de um evento que provavelmente aconteceria em 2026, em uma avaliação que estava em linha com as estimativas. A avaliação para a Comerc para 2024 é de R$ 7,4 bilhões, contra os R$ 7,05 bilhões em 1º de julho de 2024.

Já pelo lado negativo, os analistas pontuam que a administração da Vibra ainda acredita em uma alavancagem ótima de dívida líquida/Ebitdade 1,5-2,0x para a empresa. Com isso, as chances de pagamentos de dividendos acima de 40% para 2025 são menores, o que pode frustrar parte dos investidores.

“Nossas estimativas de dividend yield para 2024 e 2025 caem para 6,3% e 3,7% vs. 9,4% e 9,3% anteriormente, recuperando-se depois para 7% e 10% em 2026 e 2027. Acreditamos que as ações reagirão negativamente (já que o mercado não gostou da aquisição inicial da Comed em 2021), mas mantemos nossa recomendação de compra para Vibra com um preço-alvo de R$ 37″.

O Itaú BBA vê a aquisição como um reforço do posicionamento de longo prazo da empresa, visando trazer longevidade ao portfólio à medida que aumenta a exposição às energias renováveis e avança para se tornar uma plataforma multienergética.

“Dito isto, o anúncio pode gerar preocupação entre os investidores, a maioria dos quais espera que a empresa se concentre no aumento dos retornos para os acionistas por recompras e dividendos”.

Os analistas destacam ainda que a decisão da Vibra de avançar na aquisição mitiga o risco de ser exercido nas opções de venda a partir de 2026 com uma avaliação e sob outras condições sobre as quais a empresa teria pouco ou nenhum controle, e elimina o risco de ganhos.

O BBA tem classificação outperform para VBBR3, equivalente à compra, com preço-alvo de R$ 28.

Os analistas do BTG Pactual seguem com visão positiva da Comerc, tendo em vista que esta unidade de negócios oferece potencial de crescimento significativo para a estratégia de longo prazo da Vibra, especialmente dada a maior visibilidade dos resultados futuros.

No lado negativo, endossam que os investidores podem agora atribuir probabilidades mais baixas a pagamentos de dividendos superiores a 40% dos lucros, o que pode pesar no desempenho das ações no curto prazo.

O banco tem indicação de compra, com preço-alvo de 34.

Dividendos em risco?

Após o anúncio, a Vibra promoveu teleconferência em que o presidente-executivo da companhia, Ernesto Pousada, afirmou que a operação anunciada com a Comerc não terá impacto sobre as perspectivas de lucro e de distribuição de dividendos.

Pousada disse ainda que a Vibra “não tem paixão” por ativos específicos e que poderá fazer desinvestimentos no futuro se fizer sentido do ponto de vista de alocação de capital.

Segundo ele, nos próximos 12 a 18 meses, a companhia estará focada em alcançar as sinergias estimadas com a Comerc, crescendo de uma forma “asset light” (sem grandes desembolsos) e aumentando a geração de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e fluxo de caixa.

“Feito isso… não temos paixão [por ativos], se a melhor alocação de capital para a Vibra for trazer um parceiro estratégico ou financeiro [para a Comerc], faremos isso. Ou vender alguns ativos da Comerc, se fizer sentido”, disse.

*Com Reuters

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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