Vibra, Ipiranga e Raízen vão brigar entre si e com concorrentes no etanol e nos derivados de petróleo
O rearranjo pelo qual vai passar o mercado de distribuição e vendas de combustíveis no Brasil ainda não está sendo captado pelos analistas.
A venda direta de etanol dos fabricantes aos postos e o fim da obrigatoriedade de as lojas de bandeira venderem os demais combustíveis exigidos pelas franquias (excluídos contratos vigentes) deverão ganhar mais espaço a partir de 2022.
A Medida Provisória dessa liberação de mercado, editada em agosto, deverá ser aprovada no Senado, depois de passar na Câmara. A “bomba branca” vai ser votada separadamente, por pedido de destaque do PT, mas não deverá sofrer retrocesso.
As três maiores vão ter que se mexer mais ainda. A Vibra Energia (VBBR3), ex-BR, a Ipiranga, comanda pelo Ultrapar (UGPA3) e a Raízen (RAIZ4), não vão brigar só pelas margens da gasolina e do diesel, além do posicionamento atual der mercado como expressou o Santander – que prefere as duas primeiras -, mas terão mais concorrência direta e indireta.
A briga por margem vai ser mais acirrada.
A rede Ale, a quarta do Brasil, bem distante daquelas três, também deverá ter sua ambição de crescimento, de 28% em dois anos, posta em xeque. Pertencente à multinacional Glencore, desde 2020 mantém planos de avançar nos postos independentes, querendo embandeirá-los sob sua marca.
Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, esses pontos de serviços representavam em torno de 45% ao final do ano passado.
As usinas vão querer avançar sobre eles, especialmente em regiões onde estiverem mais próximos. São agentes já livres das amarras dos players, não terão motivos para continuarem comprando etanol exclusivamente das distribuidoras – pagando a margem destas – se poderão fazê-lo diretamente, mais barato.
Nesse ponto, Raízen e Vibra levam uma vantagem sobre a Ipiranga e outras menores. A Raízen tem produção própria de etanol e pode ter flexibilização em negociações, especialmente em safras boas, e a Vibra fez acordo recente com a Copersucar para distribuição do biocombustível das usinas da cooperativa.
Em paralelo, as médias e pequenas distribuidoras de derivados de petróleo deverão ganhar mercados das redes, na medida em que os contratos com os postos estiverem vencendo e as marcas não apresentarem propostas atraentes para que sejam mantidas a exclusividade.
E a captação de novos parceiros também não vai ser mais um passeio.