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Via (VIIA3): 2023 é ano de preservação de caixa, diz CEO

10 mar 2023, 19:20 - atualizado em 10 mar 2023, 19:27
Casas Bahia Via Varejo
Via anunciou que a previsão é de abrir de cinco a 10 lojas em 2023 (Imagem: Flávya Pereira/Divulgação)

O cuidado em preservar caixa será novamente prioridade para a Via (VIIA3) em 2023, sinalizou Roberto Fulcherberguer, CEO da varejista, ao Money Times.

Desde o ano passado, a dona de Casas Bahia e Ponto tem priorizado a rentabilização do seu canal de marketplace, com foco em pedidos de cauda longa. O cenário macroeconômico mais desafiador, com inflação e juros ainda em níveis elevados, também levou muitos varejistas a virar a chave, escolhendo segurar gastos com investimentos a dar continuidade a uma estratégia de crescimento agressivo.

“Dado todo esse cenário macro que está acontecendo, a taxa de juros, o custo de investimento muito caro neste momento, chegamos à decisão de preservação de caixa. 2023 é um ano de preservação de caixa”, reforçou Fulcherberguer.

A Via anunciou nesta sexta-feira (10) que a previsão é de abrir de cinco a 10 lojas em 2023, número bem menor que as 63 lojas inauguradas pela companhia no ano passado.

Segundo o CEO, a Via teria potencial para fazer a abertura de 60-80 lojas, mas o cenário econômico atual pede por mais cautela.

“Em 2022, a gente investiu R$ 1 bilhão em capex (investimentos). 77% ficaram entre tecnologia e logística. O restante foi para abertura de novas lojas. Abertura de novas lojas em 2023, basicamente, não vai ter, o que reduz o capex da companhia”, afirmou.

“Se mudar o cenário [macro], a gente está preparado, a máquina está pronta para fazer mais aberturas”, completou o executivo.

Fulcherberguer ressaltou, no entanto, que a varejista deve seguir com um investimento expressivo em tecnologia.

“A gente vai preservar o investimento em tecnologia programado para este ano. […] Traz um grande ganho de produtividade para a companhia, aumenta muito o êxito na relação com o consumidor, melhora nossa conversão… Tudo isso implica do outro lado: menos despesa, menor custo de aquisição do cliente, maiores vendas”, defendeu.

Abocanhando uma fatia maior do mercado

Sem citar diretamente a Americanas (AMER3), Fulcherberguer disse que a companhia está preparada para capturar participação no mercado com o vácuo deixado pela empresa em recuperação judicial.

Fulcherberguer destacou, inclusive, que, em março, a Via atingiu o melhor market share online de sua história.

Segundo ele, a captura de market share ocorrerá tanto nos canais digitais quanto nas lojas. Quanto ao ritmo, a Via não tem pressa e está priorizando a rentabilidade.

“Tem gente que fala que, quem sai capturando primeiro, é o ganhador. A gente não acredita nisso. Sabemos o que acontece quando sai de maneira atabalhoada tentando fazer captura a qualquer preço”, afirmou.

Em paralelo, a Via vem se preparando para ganhar mais eficiência e conseguir diminuir as despesas, abrindo espaço para comportar o nível elevado dos juros no Brasil.

Longe de repetir o caso da Americanas

O mercado se assustou com os mais de R$ 40 bilhões de dívidas da Americanas. O medo se espalhou para outras empresas endividadas, que é o caso da Via.

A Via tem R$ 1,6 bilhão em dívidas com vencimentos em 2023. Ao Money Times, Orivaldo Padilha, CFO da companhia, disse que negociações com Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) estão acontecendo, e tudo indica que a empresa conseguirá fechar um acordo junto aos credores.

Segundo Fulcherberguer, a companhia está mantendo “ótimas conversas” para renovar a rolagem da dívida. O executivo destacou também que a Via tem outra oportunidade a seu favor, que é a monetização de impostos ainda em níveis elevados.

“A gente monetizou R$ 2,4 bilhões em 2022. Nossa estimativa é monetizar R$ 2,5 bilhões em 2023”, contou.

Ainda, as despesas trabalhistas ficaram dentro do guidance em 2022, a R$ 1,2 bilhão, e a expectativa para este ano está entre R$ 600-700 milhões.

Sobre a relação com fornecedores, a Via também sinalizou que está com a situação controlada. O CFO da varejista comentou que as operações de risco sacado, um dos tópicos quentes do início do caso Americanas, se recuperaram, mas não a níveis anteriores.

“Já renovamos as linhas normalmente. Então, para nós, as linhas estão normalizadas. Mas eu diria que ainda não estão aos níveis anteriores ao evento da Americanas”, afirmou Padilha.

“Já teve um cenário mais restritivo, mas ainda não voltou ao normal. No nosso caso, conseguimos renovar as linhas que já tínhamos sem muita dificuldade”, completou.

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