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Via Varejo dispara 156% e deixa a dúvida: os investidores perderam o senso crítico?

18 dez 2019, 15:15 - atualizado em 18 dez 2019, 15:38
Via Varejo Casas Bahia
Cautela: nem todos os analistas estão 100% convencidos de que a Via Varejo terá sucesso (Imagem: Divulgação/Casas Bahia)

O Investor Day da Via Varejo (VVAR3), promovido nesta terça-feira (17), encerra um ano em que a empresa voltou a ser uma das queridinhas dos investidores. Em 2019, os papéis já saltaram 156%, com alta acentuada desde junho, quando a família Klein, sua fundadora, retornou ao comando, segundo a Bloomberg.

As primeiras reações dos analistas ao Investor Day, contudo, são mais equilibradas do que a euforia dos investidores pessoas físicas. Algumas instituições que divulgaram relatórios hoje recomendam que o melhor, nos próximos meses, é aguardar o resultado das ações em curso na Via Varejo.

Entre os que apoiam o papel, estão o Itaú BBA e a Eleven, que elevaram o preço-alvo após o encontro. Já para a XP Investimentos, o evento reforçou a “percepção de que a reestruturação da empresa continua avançando de maneira significativa.” A instituição estabelece um preço-alvo de R$ 12 para o papel, com alta potencial de 7,53% sobre o fechamento de referência (R$ 11,16).

Assinado pelo analista Pedro Fagundes, o relatório destaca “o progresso realizado pela companhia nos canais físico e digital” e “as perspectivas de crescimento e rentabilidade.” Fagundes acrescenta que a dona da Casas Bahia e do Ponto Frio detalhou o impacto das fraudes contábeis confirmadas por uma auditoria interna e referentes à gestão anterior.

“Apesar da alta de 40% desde a nossa última atualização (26 de novembro), continuamos vendo um risco-retorno atrativo para as ações da Via Varejo (VVAR3). Dessa forma, mantemos a nossa recomendação de compra”, resume a XP Investimentos.

Calma, aí…

Outras duas instituições, porém, estão mais céticas. A primeira é a Ágora, corretora do Bradesco. Numa breve nota aos clientes divulgada hoje cedo, ela afirma que o encontro foi positivo. No entanto, a boa impressão não foi suficiente para mudar a posição dos analistas.

E-commerce: sucesso nas vendas pela internet é fundamental para o futuro da Via Varejo (Imagem: Pixabay)

A Ágora manteve sua recomendação neutra para os papéis, com preço justo de R$9,08. O valor significa uma perda potencial de 17,4% sobre a cotação de referência.

O banco suíço UBS é ainda mais crítico, e mostra dúvidas sobre a capacidade de a Via Varejo assumir uma posição relevante no e-commerce – um mercado no qual a empresa vem investindo pesadamente e que é visto, por praticamente todos os analistas, como fundamental para que ela se consolide como um grande player de consumo.

Também presente no Investor Day, o UBS elogiou os esforços da nova diretoria para motivar a equipe de 47 mil funcionários, o resultado das vendas na Black Friday (R$ 1,1 bilhão, sendo 98% em apenas uma semana), a redução de custos e as campanhas de ativação da base de 87 milhões de clientes.

Mas, para o UBS, o mais difícil ainda está por vir. “A próxima fase, direcionada pela tecnologia, é mais complexa e mais importante para a sustentabilidade do negócio no longo prazo”, afirma o relatório assinado pelos analistas Gustavo Piras Oliveira, Gabriela Katayama e Rodrigo Alcântara.

Após lembrar que a expansão e consolidação da Via Varejo como um ator importante no consumo online requer uma lista longa de medidas, o banco mostra-se cauteloso sobre a demora para a empresa decidir dar essa guinada rumo ao mundo digital.

“Pensamos que a estratégia digital está no caminho certo, mas não estamos certos sobre se já é tarde para a criação de uma nova plataforma líder”, afirma o UBS. Na dúvida, o banco mantém a recomendação neutra para os papéis nos próximos 12 meses, com preço-alvo de R$ 7,50 – o que representa uma queda potencial de 32% sobre o fechamento de ontem.

Veja, a seguir, a apresentação da Via Varejo no seu Investor Day.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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