Via está na direção certa, mas competição no e-commerce não favorece
Analistas defenderam que as mudanças colocadas em prática pela Via (VVAR3) em sua estrutura de negócios mostram que a companhia está na direção certa para gerar valor mais à frente. No entanto, o aumento da competição no setor de e-commerce deve criar um ambiente mais desafiador para a empresa.
“Continuamos a esperar um cenário competitivo bastante desafiador nesse ano, inclusive com iniciativas de players internacionais, como Amazon e Alibaba, o que deve trazer volatilidade para as ações do setor no curto prazo”, afirmou a XP Investimentos.
Isso explica por que a corretora optou em manter a recomendação neutra para o papel da varejista, com preço-alvo ao fim de 2021 de R$ 20.
Para o Safra, a assertividade de execução da Via e o lançamento do marketplace da companhia seriam, sob circunstâncias normais, gatilhos positivos para as ações, mas o atual ambiente do e-commerce é desfavorável.
Ainda assim, o banco seguiu com recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 27 para o nome, pois acredita que o mercado continua cético com a boa execução da empresa.
“Segundo nossos números, VVAR3 está sendo negociada a 0,4 vez EV/GMV [valor da empresa sobre volume bruto de mercadorias] estimado para 2021, um desconto de 83% para os 2,1 vezes do Magalu [MGLU3]”, comentou.
A Via continua sendo uma das principais apostas do Safra no setor de varejo brasileiro.
O BTG Pactual (BPAC11) reforçou a classificação de compra da ação, com preço-alvo de R$ 21, pelo bom momento que a Via está presenciando. No entanto, o banco acredita que um potencial re-rating da ação depende de uma recuperação do tráfego de pessoas nas lojas e de avanços nas novas categorias do marketplace, mitigando o risco de desaceleração nas vendas digitais nos principais segmentos da companhia, que são eletrônicos e eletrodomésticos.
A Via encerrou o primeiro trimestre do ano com lucro líquido de R$ 180 milhões, salto de 1.384% em relação ao montante de R$ 13 milhões reportado em igual período do ano passado.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, por outro lado, chegou a R$ 584 milhões, representando um recuo de 6% em relação a um ano antes.
A receita líquida teve crescimento de 19% na comparação ano a ano e atingiu R$ 7,5 bilhões.
O GMV (volume bruto de mercadorias) bruto registrou avanço de 27% e somou R$ 10,3 bilhões. As vendas digitais tiveram uma participação relevante no indicador, respondendo por 56% do total (ante 33% nos primeiros três meses do ano passado).