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Vestuário e joias: como andam as iniciativas ESG de Vivara, Lojas Renner, C&A e Grupo Soma?

14 dez 2020, 15:02 - atualizado em 14 dez 2020, 15:02
Sustentabilidade-Investimentos
No setor de vestuário e joias, as medidas sociais saem na frente dos pilares de governança e meio ambiente (Imagem: Pixabay)

As discussões ESG estão ganhando cada vez mais importância no dia a dia das empresas. Com o crescente interesse de consumidores e investidores por temas relacionados ao meio ambiente e às práticas sociais e de governança corporativa, nomes de diversos setores têm buscado compartilhar seus trabalhos no âmbito sustentável e manter a transparência das operações.

No setor de vestuário e joias, as medidas sociais saem na frente dos pilares de governança e meio ambiente. De acordo com a XP Investimentos, empresas como Vivara (VIVA3) e Lojas Renner (LREN3) estão bem posicionadas nessa frente, enquanto a C&A (CEAB3) se destaca nas práticas ambientais.

“Esse setor está sob grandes holofotes por conta das suas pegadas social e ambiental. Na nossa visão, as empresas brasileiras estão cientes disso e estão levando isso a sério”, disse Marcella Ungaretti, analista ESG da XP Inc., em relatório divulgado na semana passada.

Vivara tem exposição ao risco de reputação, já que, como fabricante de joias, usa minerais extraídos de forma insustentável (Imagem: Facebook/Vivara)

Mesmo com os avanços das pautas, a XP acredita que as empresas do setor ainda têm o que melhorar. A Vivara, por exemplo, peca na frente ambiental pela exposição ao risco de reputação, já que, como fabricante de joias, usa minerais extraídos de forma insustentável.

A varejista já está trabalhando para reduzir os riscos. A XP destacou que a prata que a empresa usa é certificada pela Iniciativa de Minerais Responsáveis. O fornecedor da companhia também tem certificação LBMA, autoridade global do segmento de metais preciosos. Além disso, a Vivara é a única joalheria brasileira que integra o Conselho de Joalheria Responsável, organização que promove boas práticas ambientais e sociais na cadeia de suprimento da indústria de joias de ouro e diamantes.

Ambição

Na avaliação da XP, a Lojas Renner está bem de ESG. A companhia divulgou metas ambiciosas, que vão desde a redução de emissões de carbono em toda a cadeia de valor até a promoção de diversidade na equipe de trabalho.

A empresa também tem investido em privacidade e segurança de dados nos canais digitais.

“A importância desse fator ficar ainda maior frente ao crescimento considerável das vendas online devido à crise da Covid-19 – em abril, o aplicativo da loja bateu recorde de downloads, atingindo a marca de 1 milhão de novos usuários (alta de 164% ano a ano)”, destacou Ungaretti.

Em termos de governança, a Lojas Renner está listada no Novo Mercado da B3 (B3SA3). A XP classificou a estrutura da varejista como “ótima”, com a maioria do conselho de administração composta por membros independentes.

Compromisso com o meio ambiente

A C&A tem buscado desenvolver produtos feitos com materiais mais sustentáveis e promovido conceitos de economia circular e logística reversa (Imagem: LinkedIn/C&A Brasil)

O foco da C&A é o meio ambiente. A companhia tem buscado desenvolver produtos feitos com materiais mais sustentáveis e promovido conceitos de economia circular e logística reversa. A empresa também possui programas de redução de carbono e energia.

Nas outras frentes, a C&A trabalha para aumentar a segurança nos canais digitais (assim como a Lojas Renner, a C&A viu um forte crescimento das vendas online em seu e-commerce), melhorar as condições da cadeia de suprimentos e fortalecer a presença das mulheres na força de trabalho.

Só o começo

A XP incluiu o Grupo Soma (SOMA3) no relatório, apesar dos planos ESG da varejista estarem só no início.

“Embora o Grupo Soma pareça estar mais engajado com o assunto ESG recentemente e ainda não tenha um relatório de sustentabilidade, vemos com bons olhos as iniciativas destacadas pela empresa em sua última divulgação de resultados, com a descrição da estratégia da companhia no que se refere ao tema ESG, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, explicou Ungaretti.

Como a C&A, o Grupo Soma está acelerando a economia circular, promovendo a reutilização das peças e a venda de segunda mão. Além isso, a companhia mostra maior preocupação com o tipo de matéria-prima que usa, buscando incorporar na produção insumos menos danosos ao meio ambiente, e pretende neutralizar as emissões de carbono até 2050.

O quadro de funcionários do grupo chama a atenção. 75% dos colaboradores são mulheres. Dessa parcela, 75% ocupam cargos de liderança.

No Grupo Soma, 40% dos funcionários se declaram pretos ou pardos e quase toda a força de trabalho se sente bem tratada, independentemente da orientação sexual.

A XP tem recomendação de compra para a ação do Grupo Soma, com preço-alvo de R$ 17. A C&A, preferência da corretora no setor, recebeu recomendação de compra e preço-alvo de R$ 18.

A XP retomou a cobertura de Lojas Renner e Vivara, com recomendações neutra e de compra, respectivamente, e preços-alvo de R$ 53 e R$ 33.