Vestuário e joias: como andam as iniciativas ESG de Vivara, Lojas Renner, C&A e Grupo Soma?
As discussões ESG estão ganhando cada vez mais importância no dia a dia das empresas. Com o crescente interesse de consumidores e investidores por temas relacionados ao meio ambiente e às práticas sociais e de governança corporativa, nomes de diversos setores têm buscado compartilhar seus trabalhos no âmbito sustentável e manter a transparência das operações.
No setor de vestuário e joias, as medidas sociais saem na frente dos pilares de governança e meio ambiente. De acordo com a XP Investimentos, empresas como Vivara (VIVA3) e Lojas Renner (LREN3) estão bem posicionadas nessa frente, enquanto a C&A (CEAB3) se destaca nas práticas ambientais.
“Esse setor está sob grandes holofotes por conta das suas pegadas social e ambiental. Na nossa visão, as empresas brasileiras estão cientes disso e estão levando isso a sério”, disse Marcella Ungaretti, analista ESG da XP Inc., em relatório divulgado na semana passada.
Mesmo com os avanços das pautas, a XP acredita que as empresas do setor ainda têm o que melhorar. A Vivara, por exemplo, peca na frente ambiental pela exposição ao risco de reputação, já que, como fabricante de joias, usa minerais extraídos de forma insustentável.
A varejista já está trabalhando para reduzir os riscos. A XP destacou que a prata que a empresa usa é certificada pela Iniciativa de Minerais Responsáveis. O fornecedor da companhia também tem certificação LBMA, autoridade global do segmento de metais preciosos. Além disso, a Vivara é a única joalheria brasileira que integra o Conselho de Joalheria Responsável, organização que promove boas práticas ambientais e sociais na cadeia de suprimento da indústria de joias de ouro e diamantes.
Ambição
Na avaliação da XP, a Lojas Renner está bem de ESG. A companhia divulgou metas ambiciosas, que vão desde a redução de emissões de carbono em toda a cadeia de valor até a promoção de diversidade na equipe de trabalho.
A empresa também tem investido em privacidade e segurança de dados nos canais digitais.
“A importância desse fator ficar ainda maior frente ao crescimento considerável das vendas online devido à crise da Covid-19 – em abril, o aplicativo da loja bateu recorde de downloads, atingindo a marca de 1 milhão de novos usuários (alta de 164% ano a ano)”, destacou Ungaretti.
Em termos de governança, a Lojas Renner está listada no Novo Mercado da B3 (B3SA3). A XP classificou a estrutura da varejista como “ótima”, com a maioria do conselho de administração composta por membros independentes.
Compromisso com o meio ambiente
O foco da C&A é o meio ambiente. A companhia tem buscado desenvolver produtos feitos com materiais mais sustentáveis e promovido conceitos de economia circular e logística reversa. A empresa também possui programas de redução de carbono e energia.
Nas outras frentes, a C&A trabalha para aumentar a segurança nos canais digitais (assim como a Lojas Renner, a C&A viu um forte crescimento das vendas online em seu e-commerce), melhorar as condições da cadeia de suprimentos e fortalecer a presença das mulheres na força de trabalho.
Só o começo
A XP incluiu o Grupo Soma (SOMA3) no relatório, apesar dos planos ESG da varejista estarem só no início.
“Embora o Grupo Soma pareça estar mais engajado com o assunto ESG recentemente e ainda não tenha um relatório de sustentabilidade, vemos com bons olhos as iniciativas destacadas pela empresa em sua última divulgação de resultados, com a descrição da estratégia da companhia no que se refere ao tema ESG, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, explicou Ungaretti.
Como a C&A, o Grupo Soma está acelerando a economia circular, promovendo a reutilização das peças e a venda de segunda mão. Além isso, a companhia mostra maior preocupação com o tipo de matéria-prima que usa, buscando incorporar na produção insumos menos danosos ao meio ambiente, e pretende neutralizar as emissões de carbono até 2050.
O quadro de funcionários do grupo chama a atenção. 75% dos colaboradores são mulheres. Dessa parcela, 75% ocupam cargos de liderança.
No Grupo Soma, 40% dos funcionários se declaram pretos ou pardos e quase toda a força de trabalho se sente bem tratada, independentemente da orientação sexual.
A XP tem recomendação de compra para a ação do Grupo Soma, com preço-alvo de R$ 17. A C&A, preferência da corretora no setor, recebeu recomendação de compra e preço-alvo de R$ 18.
A XP retomou a cobertura de Lojas Renner e Vivara, com recomendações neutra e de compra, respectivamente, e preços-alvo de R$ 53 e R$ 33.