Saúde

Verba da Faperj ampliará testes para coronavírus na UFRJ

25 mar 2020, 21:01 - atualizado em 25 mar 2020, 21:01
Coronavírus Saúde
Os pesquisadores da UFRJ observaram que a febre, em muitos casos, não era um sintoma muito frequente (Imagem: Reuters)

A Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) concedeu, em forma de auxílio financeiro, verba de R$ 900 mil ao Laboratório de Virologia Molecular, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LVM-UFRJ), para pesquisas científicas relacionadas ao novo coronavírus.

A Faperj é vinculada à Secretaria Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação. Os recursos serão liberados até a próxima sexta-feira (27), disse hoje (25) à Agência Brasilo presidente da Faperj, Jerson Lima Silva. A transferência para o LVM foi autorizada por todas as instâncias, assegurou Silva.

O coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, professor Amilcar Tanure, disse à Agência Brasil que os testes para a covid-19 estão sendo feitos desde o dia 1º deste mês, quando eram efetuadas 30 amostras por dia, com o atendimento limitado à comunidade da universidade, no campus do Fundão, na Ilha do Governador, zona norte da cidade. Hoje, esse número evoluiu para 150 amostras/dia.

Pesquisas científicas

Amilcar Tanure explicou que muitos hospitais do Rio de Janeiro que estavam sem testes no começo da epidemia começaram a utilizar também o laboratório, incluindo hospitais do município do Rio, o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Instituto Nacional de Cardiologia, o Hospital Universitário Antonio Pedro, entre outros.

“Então, a gente começou a nuclear vários testes e, obviamente, quando a gente começa a fazer um diagnóstico do coronavírus, abre espaço também para fazer as pesquisas científicas, como, por exemplo, saber a história natural da doença no Brasil, como ela se apresenta”.

Os pesquisadores da UFRJ observaram que a febre, em muitos casos, não era um sintoma muito frequente. “A gente começou a entender um pouco mais da infecção”.

Outra coisa que os pesquisadores fizeram foi abrir uma triagem, ou seja, que pessoas passem no laboratório, façam entrevista, escolham a amostra e façam o diagnóstico.

No entanto essa triagem tem atendido basicamente o pessoal da própria universidade. “A gente achou bem interessante porque, com essa triagem, podemos fazer novos testes rápidos que estão chegando, porque pode fazer avaliações. Em se colocando o diagnóstico, a gente abre espaço para fazer várias coisas”.

Os recursos da Faperj vão viabilizar ainda outros estudos.

Um deles é o estudo de avaliação do teste rápido e, também, um estudo da variabilidade genética do vírus, que Amilcar Tanure considera importantíssimo.

Em parceria com outros pesquisadores do estado, o LVM da UFRJ sequenciou 19 genes do vírus no Brasil inteiro, incluindo vários do Rio de Janeiro que foram diagnosticados no laboratório.

Coronavirus Deputado Vicente Paulo da Silva
Os projetos podem ser nas áreas de diagnóstico, sequenciamento, psicologia, entre outras (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

“Você começa a abrir espaço para outras coisas. Nós conseguimos isolar já dois vírus do Rio de Janeiro. Isso pode ajudar a gente em pesquisas de drogas e outras coisas”.

Com o recurso da Faperj, ganharão agilidade ainda as pesquisas que vêm sendo feitas pelo LVM e pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), outra unidade da UFRJ, com o objetivo de desenvolver um teste brasileiro de sorologia para que o país não precise mais importar.

Chamada emergencial

Amanhã (26), a Faperj estará lançando uma chamada geral pública emergencial para projetos que visem combater os efeitos do coronavírus, totalizando valor de até R$ 30 milhões.

Nesse caso, em razão da importância das pesquisas envolvendo a covid-19, o presidente da Faperj, Jerson Lima Silva, afirmou que a aprovação dos projetos será ágil e não seguirá o cronograma normal de um edital da entidade, que inclui várias etapas.

“Nesse caso, a gente tem sempre que considerar que está atrasado”. Se pesquisas desse tipo tivessem sido feitas uma semana antes, o presidente da Faperj acredita que “provavelmente, teria diminuído o número de pessoas infectadas, teria diminuído o número de mortes”.

O edital emergencial tem três sub-chamadas. Os projetos podem ser nas áreas de diagnóstico, sequenciamento, psicologia, entre outras.

“Sempre com foco principal no curto e médio prazos”. Serão autorizados tanto projetos que já estejam em andamento e que possam alterar um pouco a linha de pesquisa para incluir a questão do coronavírus, como projetos novos”. Jerson Lima Silva destacou que a crise do novo coronavírus envolve uma quantidade enorme de cientistas em todo o Brasil atuando, financiados com recursos públicos, o que reforça a importância do investimento na ciência.

Destacou que além da população sujeita ao vírus, os cientistas e pesquisadores estão enfrentando a covid-19 diariamente. “A ciência está no front, principalmente quem trabalha nessa área”, manifestou Silva. “A gente está colocando todo o conhecimento, o saber da ciência no Rio de Janeiro e em outros estados para esse objetivo”.

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