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Venezuela lança bolívar digital, mas população continua em busca de outras alternativas

06 out 2021, 8:22 - atualizado em 06 out 2021, 8:26
O novo bolívar digital, lançado na última sexta-feira (1º), muda o modo como a moeda venezuelana é expressa, mas não o valor de fato (Imagem: Pixabay/DavidRockDesign)

O Banco Central da Venezuela removeu seis zeros da moeda nacional e emitiu novas cédulas para indicar a mudança, com o objetivo de facilitar aos residentes o acompanhamento da crescente inflação no país.

Embora a mudança deveria tornar a transação em cédulas mais fácil, teoricamente, venezuelanos possivelmente se voltarão às alternativas digitais – incluindo stablecoins – para protegerem suas economias.

O novo bolívar digital, lançado na última sexta-feira (1º), muda o modo como a moeda venezuelana é expressa, mas não o valor de fato. Portanto, um item que valia dez milhões de bolívares custa agora dez bolívares.

Em seu site, o Banco Central venezuelano adicionou uma mensagem que mostra as notas anteriores em comparação com as atuais. Do lado esquerdo, a imagem mostra cinco notas individuais de um milhão de bolívares cada (que valiam, juntas, cerca de US$ 1,20 antes da reconversão monetária).

Agora, essas cinco notas são representadas por uma única nota de cinco bolívares. Após a reconversão monetária, as novas cédulas serão de 5, 10, 20, 50 e 100 bolívares. 

Essa não é a primeira vez nos últimos anos que a Venezuela fez a reconversão de sua moeda. O país havia eliminado cinco zeros do bolívar, em 2018, após ter removido outros três zeros em 2008, apontou a agência Reuters.

Especialistas da indústria estimam que mais de 60% das transações do país são feitas em dólar. 

Então, por que a Venezuela continuaria cortando zeros? Quando os preços sobem, pode ficar mais difícil de os valores se tornarem algo dimensionável. Antes da reconversão monetária, o bolívar valia dez vezes menos que no ano anterior, disse Nevin Freeman, CEO da Reserve.

A companhia de Freeman tem um aplicativo de carteira digital conhecido entre os venezuelanos, que a usam para guardar suas economias em dólar, por meio da stablecoin da Reserve (RSV), além de fazer depósitos ou saques em outras moedas e enviar remessas monetárias.

“Em certo momento, os números ficam tão grandes que começam a perder o significado”, disse Freeman. “A esperança é que, ao remover os zeros, consumidores poderão voltar a perceber quanto custa uma cesta de bens de consumo em bolívares.”

Porém, Freeman disse ao The Block que a crescente inflação na Venezuela está aumentando as transações envolvendo dólar, incluindo stablecoins lastreadas à moeda americana. 

“Muitas transações hoje acontecem com cédulas de dólar, ou em sistemas de transferência bancária eletrônica de dólar, como Zelle, e cada vez mais essas transações estão sendo feitas com stablecoins lastreadas ao dólar em plataformas como a Reserve”, acrescentou Freeman.

Além dos dólares fornecerem um modo mais estável para economizar dinheiro em comparação com moedas mais sujeitas à inflação, Freeman destacou que métodos de transação com bolívar podem apresentar problemas, quando os limites da transação não são atualizados a tempo para refletir a perda de valor da moeda.

Quando isso acontece, pode ser difícil fazer compras cotidianas com um único método de pagamento. A última reconversão monetária do bolívar ajudou nesse quesito, acrescentou ele, mas poderá acontecer novamente, caso a moeda continue perdendo valor.

A reconversão foi um “momento assustador”, disse Freeman, que destacou que o preço do bolívar caiu mais de 25% em comparação ao dólar em dois dias, antes de ganhar novamente 20% de seu valor.

A companhia de Freeman decidiu manter seu aplicativo ativo, apesar da volatilidade do bolívar. Em um vídeo na página da Reserve no Twitter, Freeman aponta que os fornecedores de liquidez da empresa estavam perdendo dinheiro ao manter o mercado aberto, logo antes da reconversão monetária.

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