Venezuela: compradores de petróleo não querem usar a criptomoeda petro
Desde que Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, apresentou o petro, a criptomoeda vem sendo alvo de críticas.
Para aumentar ainda mais as preocupações relacionadas à economia do país e à adesão turbulenta do pedro, alguns compradores de petróleo alegadamente interromperam suas aquisições por receio de violarem sanções dos EUA.
Petro por petróleo?
Petróleo é o maior bem de exportação da Venezuela e uma das poucas salvações econômicas do país. No entanto, desde que o governo anunciou que taxas portuárias teriam que ser pagas com a criptomoeda controversa do país, petro (PTR), alguns compradores de petróleo interromperam as aquisições.
Mais de um milhão de barris de petróleo foram deixados de lado após o governo anunciar a mudança na política de pagamento para taxas marítimas específicas, de acordo com a Bloomberg. Diante das sanções dos EUA contra o uso do petro, alguns dos compradores de petróleo interromperam compras.
A criptomoeda petro foi anunciada em 2018 para contornar as sanções dos EUA que atingiram bastante a economia já abalada do país. A moeda digital emitida pelo governo deve ser lastreada em petróleo e nas reservas minerais do país.
“Eu ordenei que fossem emitidos 100 milhões de petro com o sustentamento legal da riqueza de petróleo certificada e legalizada da Venezuela. Cada petro vai ser equivalente ao barril de petróleo da Venezuela”, afirmou Maduro.
No entanto, o governo nunca se deu ao trabalho de provar que o valor do petro é lastreado em alguma coisa.
Em vez disso, o governo focou em promover a nova criptomoeda com banners e outras formas de anúncio em todo o país. Porém, o cidadão médio não adotou a nova criptomoeda e tem problemas para entender onde adquiri-la.
Geralmente, compradores internacionais de petróleo usam agentes marítimos quando fazem negócios com a Venezuela para lidarem com taxas portuárias.
No entanto, de acordo com a Bloomberg, pelo menos uma empresa internacional incluiu uma cláusula em seu contrato com um agente para preveni-los de fazer negócios usando a nova criptomoeda lastreada pelo estado, como resultado de sanções dos EUA.
A maioria dos compradores internacionais de petróleo não pagam mais a Venezuela em dinheiro. Em vez disso, ou trocam petróleo por commodities, como diesel ou gasolina, ou recebem petróleo como pagamentos para dívidas pendentes.
Petróleo hoje, ouro amanhã
Presidente Maduro parece não querer parar apenas nas taxas portuárias em sua aventura com o petro.
No início deste mês, em declaração ao jornal venezuelano El Nacional, ele disse: “Iremos vender petróleo venezuelano em troca de petros. Já assinamos contratos para a venda de petróleo, aço, ferro e alumínio, e iremos vender parte do ouro por petros”.
Ele também afirmou que o governo apresentou, com sucesso, a criptomoeda nas vidas das famílias venezuelanas, de acordo com a TASS, agência de notícias russa.
Em vista da enorme falta de confiança no governo Maduro e em sua criptomoeda, é improvável que petro vai ter sucesso como uma moeda para comércio internacional. Contudo, oferece uma percepção interessante sobre como criptomoedas governamentais funcionariam no mundo real.