Vendidos em Brasil são amassados por fluxo estrangeiro
Posições vendidas em ativos brasileiros estão sendo esmagadas por uma onda de otimismo de estrangeiros, que correm para colocar dinheiro para trabalhar nos mercados locais.
Estrangeiros venderam US$ 9,2 bilhões em derivativos negociados na B3 nas últimas três semanas, levando suas posições ao ponto de maior otimismo visto nos últimos quatro anos.
As ações locais registraram uma entrada de R$ 23 bilhões (US$ 4,3 bilhões) de não residentes este mês, com investidores, incluindo Franklin Templeton e Mirae Asset Global Investments, vendo espaço para uma recuperação.
O ciclo agressivo de aperto monetário no Brasil, que puxou a taxa Selic em 7,25 pontos percentuais em menos de um ano, está ajudando a atrair dinheiro offshore que mira em mercados emergentes.
A preferência por ativos vinculados a commodities favorece as economias latino-americanas em um momento em que as tensões geopolíticas afastam os operadores da região EMEA – Europa, Oriente Médio e África -, especialmente Turquia e Rússia.
“O ambiente global favorece moedas de alto rendimento vinculadas a commodities, onde o posicionamento não está muito pesado”, disse Juan Prada, estrategista de câmbio do Barclays Capital. “Carry protege contra aumentos do Fed.”
O acúmulo de títulos de dívidas e de ações locais está alimentando um rali na moeda brasileira apesar da preocupação dos investidores locais com a disputa eleitoral polarizada no segundo semestre do ano.
O real já está 3,7% mais valorizado no ano, apesar das perdas significativas que enfrentou na primeira semana de janeiro. Ações subiram 7,8% este ano, superando a maioria dos principais indicadores globais.
Esse fluxo está sendo absorvido pelos bancos locais, que viram sua posição em dólar subir para um recorde de US$ 69,8 bilhões.
“Parece que a entrada estrangeira ainda está em curso nas ações e nos títulos de longo prazo”, disse Valter Filho, operador de câmbio da Galapagos Capital em São Paulo.
A compra agressiva de estrangeiros não é exclusividade do Brasil. Quatro dos cinco melhores desempenhos no mundo em 2022, entre principais moedas globais, são da América do Sul, com peso chileno e sol peruano na liderança. Ambos os países também têm economias ligadas a commodities e bancos centrais muito hawkish.
O banco central do Chile surpreendeu o mercado nesta semana com uma alta de 150 pontos-base no juro, o que elevou os swaps de curto prazo e melhorou ainda mais o carry da moeda.