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Vendas para a China caem no primeiro semestre

20 jul 2022, 10:52 - atualizado em 20 jul 2022, 10:52
Petróleo
No primeiro semestre, os chineses reduziram suas compras de petróleo e minério de ferro (Imagem: REUTERS/Regis Duvignau)

As exportações brasileiras no primeiro semestre de 2022 foram marcadas por um aumento pouco expressivo em volume, de 0,2%, em relação ao mesmo período de 2021.  Na mesma comparação, percebe-se, no entanto, uma evolução de 20,2% nos preços.

Nas importações houve queda de 1,9% no volume comprado do exterior, e evolução de 33,1% nos preços.

Com esse resultado, o país manteve a balança comercial superavitária, ou seja, conseguiu uma diferença, para mais, entre a despesa e o que foi arrecadado, em R$ 34,3 bilhões. Representando R$ 2,7 bilhões abaixo do observado na primeira metade de 2021.

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Sentindo o efeito externo

Com o agravamento da pandemia da Covid-19 na China, o Brasil sentiu a desaceleração da economia chinesa, com uma redução de 14% no volume exportado para seu principal comprador, como mostra o Indicador de Comércio Exterior (Icomex) de julho.

Expressivos compradores de minério, soja e petróleo, o único que registrou variação positiva para as vendas aos chineses foi a soja, de 18,79% em relação ao primeiro semestre de 2021, totalizando R$ 20,26 bilhões, 66% dos embarques brasileiros do produto.

A potência asiática reduziu suas compras de petróleo e minério de ferro, com quedas que foram de, respectivamente, 1,26% e 32,9%. Mas, não deixaram de comprar carne, com as exportações ao país se recuperando, com alta de 86,6%, algo que soma R$ 3,67 bilhões.

Para o indicador, o segundo semestre segue incerto devido à evolução da pandemia na China que mantém as duras medidas de isolamento com os novos focos de contágio.

Vale destacar que a China é o principal parceiro comercial brasileiro. No ano passado, o Brasil exportou US$ 87,9 bilhões para o país asiático; a balança comercial  fechou com superávit do valor de US$ 40,257 milhões.

Mudando a rota

No caso do petróleo, os dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério da Economia mostram que a demanda perdida com a China foi desviada a outros países.

O incremento foi expressivo nas vendas para regiões como: Estados Unidos (121%), Espanha (205%) e Holanda (80%), no caso de petróleo bruto, que pode estar relacionado a uma substituição de importações da Rússia, como retaliação à guerra na Ucrânia.

Petróleo cresce em participação nas exportações brasileiras (Fonte: Secex / Ministério da Economia)

Variações de volume e preços

Segundo o Icomex, o aumento, em valor, das exportações em junho é explicado pela variação positiva nos preços (15,7%), pois o volume exportado recuou 0,6%.

O mesmo ocorre para as importações, com aumento de preços de 37,2% e queda no volume de 2,7%.

O resultado para o volume importado, de acordo com o Icomex, retoma a trajetória de queda observada na comparação interanual mensal entre 2021 e 2022 e que só foi interrompida em maio, com um aumento nas compras de petróleo e adubos, acima do previsto.

Na comparação do desempenho das exportações por tipo de indústria elaborada pelo indicador produzido pela FGV IBRE, o setor agropecuário apresentou vendas no semestre com queda de 5,3% em volume, mas crescimento de 39,9% em preço.

No setor extrativo, o aumento registrado em preço (5,5%) foi menor do que a queda em volume (-10,8%).

Apenas a indústria de transformação marcou sinal positivo em ambas as frentes – respectivamente, 21% e 8,1% – reforçando o observado nas Sondagens do FGV IBRE de que o setor externo tem sido uma frente importante para a manutenção da confiança em alta do setor industrial.

Aumento das exportações

Enquanto segue continua a queda do volume exportado para a China, destaca-se o aumento do volume exportado para a Argentina, algo que, segundo o Icomex, sinaliza que a crise no país latino-americano ainda não atingiu os fluxos de comércio.

A demanda da vizinha é notável nas vendas do setor automotivo que se mantiveram aquecidas. As exportações totais do Brasil ao país cresceram 12,4% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2021. Essa expansão foi de 20,4% apenas em produtos desse segmento.

De maneira geral, entre os principais produtos exportados estão óleo combustível, carne bovina, farelo de soja, carne de aves, celulose e açúcares, ressaltando a concentração nas atividades relacionadas ao setor de commodities.

Em resumo, a expansão do valor dos fluxos de comércio no primeiro semestre é atribuída ao crescimento dos
preços, pois o volume ou esteve estável (exportações) ou recuou (importações).

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