Economia

Vendas no varejo do Brasil têm queda inesperada em novembro após 6 meses de alta

15 jan 2021, 10:11 - atualizado em 15 jan 2021, 10:59
Varejo Consumo Coronavírus Máscaras
A expectativa em pesquisa da Reuters era de alta de 0,40 por cento na comparação mensal e de avanço de 4,90 por cento sobre um ano antes (Imagem: Reuters/Lucas Landau)

As vendas varejistas no Brasil registraram queda inesperada em novembro, após seis meses de ganhos, mostrando que sofreram no final do ano passado com o impacto das perdas em supermercados.

As vendas no varejo tiveram recuo de 0,1% em relação a outubro, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em um mês marcado pela Black Friday, o dado contrariou a expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,4% e representou a primeira queda desde maio. Em seis meses consecutivos de ganhos, o volume de vendas acumulou crescimento de 32,2%.

Em relação a novembro de 2019, as vendas subiram 3,4%, contra expectativa de alta de 4,9% e também perdendo força após salto de 8,4% em outubro nessa base de comparação.

Apesar dos resultados fracos, o setor ainda se encontra 7,3% acima do patamar pré-pandemia, segundo o IBGE.

As vendas varejistas foram alavancadas pelo pagamento do auxílio emergencial do governo e pelo relaxamento das medidas de contenção ao coronavírus. A atividade no comércio varejista atingiu o fundo do poço em abril, depois de cair em março, já sob os efeitos da pandemia, enquanto o desemprego alto ainda pesa para o lado negativo.

Em novembro, das oito atividades pesquisadas cinco tiveram aumento de vendas na comparação com o mês anterior.

Entretanto, o desempenho de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que têm peso de cerca de 45% no índice, pesou sobre o resultado geral ao apresentar retração de 2,2% sobre outubro.

Segundo o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, esse resultado se deve à inflação elevada.

“Se olharmos, por exemplo, para a receita das empresas dessa área, houve um declínio de 0,8%. E a diferença entre a receita e o volume de vendas demonstra um aumento de custos. Mas, além disso, é comum que o consumidor, quando tem uma queda de renda ou do seu poder de compra, passe a comprar menos produtos que não são essenciais e a optar por marcas mais baratas”, diz Santos.

As outras atividades a apresentarem perdas no varejo restrito foram Combustíveis e lubrificantes, de 0,4%, e Móveis e eletrodomésticos, de 0,1%.

Do lado positivo, destacaram-se as atividades de Outros artigos de uso pessoal e doméstico –em que pesam principalmente as lojas de departamento– e de Artigos farmacêuticos, medicinais, ortopédicos e de perfumaria. A primeira teve crescimento de 1,4% sobre outubro e a segunda apresentou alta de 2,6%.

“As lojas de departamento foram alguns dos comércios mais impactados pelas medidas de fechamento adotadas no início da pandemia.. Assim, com a reabertura do comércio, essa atividade vem apresentando forte crescimento”, completou Santos.

No varejo ampliado, que inclui também veículos e materiais de construção, o volume de vendas aumentou 0,6% e chegou ao sétimo mês positivo. Enquanto a comercialização de veículos subiu 3,5% em novembro, a de materiais de construção perdeu 0,8%.

“A atividade de materiais de construção se recuperou rápido após o fechamento do comércio por conta da pandemia, a partir de junho já estava reaquecido. Já a automotiva está tendo uma retomada mais tardia”, explicou Santos.

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