Vendas no varejo do Brasil caem 6,1% em dezembro, diz IBGE
As vendas no varejo brasileiro terminaram 2020 com alta pelo quarto ano consecutivo, mas no ritmo mais fraco nesse período em meio às medidas de contenção ao coronavírus, depois de despencarem em dezembro.
No acumulado do ano passado as vendas tiveram aumento de 1,2%, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse é o resultado mais fraco nos quatro anos seguidos de ganhos, e o setor iniciou 2021 com incertezas envolvendo principalmente o alto nível de desemprego e a possível renovação do pagamento do auxílio emergencial.
Em dezembro, as vendas despencaram 6,1% na comparação com novembro, contra expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de apenas 0,5%.
Foi o resultado mais fraco para o mês na série histórica iniciada em janeiro de 2001, e no geral fica atrás apenas da queda de 17,2% vista em abril, auge da pandemia de coronavírus.
Na comparação com dezembro de 2019, houve alta de 1,2%, bem abaixo da expectativa de avanço de 6%.
Com esses resultados, o varejo terminou o ano no mesmo patamar de fevereiro de 2020, período pré-pandemia. Depois de fortes quedas em março e abril, o setor varejista registrou crescimento de maio até outubro, ultrapassando o patamar pré-pandemia, mas voltou a contrair nos últimos dois meses do ano.
“Zeramos a conta. Estávamos 6,5% acima do patamar pré-crise, e agora zeramos”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos. “A queda em dezembro é um reposicionamento natural, já que o patamar estava muito alto com os resultados de outubro e novembro.”
O IBGE mostrou que em 2020 cinco das dez atividades do comércio varejista, contando com varejo ampliado, tiveram alta. Os destaques foram material de construção (10,8%), móveis e eletrodomésticos (10,6%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (8,3%).
Já em dezembro, todas as dez atividades fecharam com queda frente a novembro. As vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico caíram 13,8%, enquanto as de tecidos, vestuário e calçados recuaram 13,3%.
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que respondem por quase metade do resultado total da pesquisa do varejo, apresentaram queda de 0,3% nas vendas do mês, em resultado influenciado pela inflação de alimentos.
As vendas varejistas foram alavancadas pelo pagamento do auxílio emergencial do governo e pelo relaxamento das medidas de contenção ao coronavírus, após atingirem o fundo do poço em abril diante das medidas restritivas adotadas para reduzir a disseminação do vírus.
No final do ano, a atividade sofreu com o aumento da inflação, e a recuperação agora passa ainda por uma retomada do trabalho, que vem enfretando mais dificuldades.