Vendas do Pão de Açúcar disparam com coronavírus, e Banco Safra gosta
A diretoria do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) realizou uma teleconferência com analistas para explicar o impacto do coronavírus sobre seus negócios. Ao contrário de diversos setores que já registram fortes quedas nos negócios, o grupo varejista não tem do que reclamar.
Segundo Guilherme Assis e Felipe Reboredo, que assinam o relatório do Banco Safra sobre a teleconferência, as vendas chegaram a dobrar na última semana, em algumas lojas do grupo.
Além disso, o movimento está se espraiando, tendo começado nos bairros mais ricos da cidade de São Paulo e, agora, chegando aos mais pobres e a outras cidades e Estados.
O motivo, claro, é o medo dos brasileiros de uma agravamento da pandemia de coronavírus, o que levaria o governo a adotar restrições mais severas de mobilidade, com quarentenas e proibições de deslocamento pelas cidades. Para se antecipar, os consumidores estão estocando alimentos e produtos de higiene e limpeza.
“Nosso ponto é que a diretoria está trabalhando duro para mitigar potenciais recuos, enquanto enxerga oportunidades para elevar as vendas”, afirma a dupla. A empresa garantiu, na conversa com os analistas, que o estoque de alimentos e produtos continua suficiente para atender à demanda, apesar do aumento.
Online
Outro destaque é o salto das compras online. Segundo os analistas, o Pão de Açúcar informou que as vendas pela internet dispararam, na última semana, para uma média de 3.500 por dia, ante o histórico de 1 mil encomendas diárias.
A forte demanda fez com que o Pão de Açúcar ampliasse o prazo de entrega dos produtos de um para dez dias, mas a empresa acrescenta que está trabalhando com seus parceiros para aumentar a capacidade para até 10 mil entregas por dia.
O Assaí, bandeira de atacarejo do grupo, também está se destacando. A diretoria informou aos analistas que 75% das vendas do Assaí são representadas por famílias em busca de produtos básicos.
A companhia espera que, em algum momento, os pequenos varejistas que se abastecem em suas lojas também ampliem as compras.
O cenário descrito pela direção do Pão de Açúcar agradou ao Banco Safra. “Reiteramos nossa visão positiva para as ações PCAR3, já que o varejo de alimentos é mais resiliente ao cenário macroeconômico”, diz a instituição.
“Acreditamos que a gestão do GPA está tomando medidas para reduzir o potencial impacto sobre a companhia e tirar vantagem das oportunidades”, acrescenta.
A recomendação do Safra para os papéis é de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 120, o que representa uma valorização potencial de 100% sobre o fechamento de ontem (18).