Vendas de maquinas agrícolas caem 14,7% no 1º trimestre, diz Abimaq
O mês de março deu sequência a um quadro baixista que já vem sendo observado desde o final do ano passado para a indústria de máquinas agrícolas, observou o presidente da Câmara de Máquinas Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão.
As vendas destes equipamentos no mês passado encolheram 14,7% no terceiro trimestre. Estevão atribui este recuo a dois fatores que vêm assolando o segmento desde novembro de 2022: taxa de juros elevadas e a falta de recursos do governo para compras de máquinas e implementos agrícolas por parte dos produtores.
Neste segundo caso, se estabeleceu uma janela de cinco meses, iniciada em novembro, sem recursos do Plano Safra.
Ocorre que o governo anterior liberou em julho do ano passado um volume de recursos inferior ao necessário para financiar a 2022/2023 e quando chegou outubro já não havia mais dinheiro do Plano Safra. Isso bateu diretamente no setor de máquinas agrícolas. É bom que se registre, e o presidente da Câmara de Máquinas Agrícolas da Abimaq sempre faz esse reparo, que a situação do produtor está muito boa. Ele está bem capitalizado, com muito dinheiro no bolso, mas espera recursos do Plano Safra para investir.
O juro alto, como não poderia deixar de ser, é o maior entrave para as vendas de máquinas agrícolas, afirma Estevão. O produtor, via de regra, financia suas compras de máquinas e implementos por cinco, seis, sete anos. Mas como as taxas de juros encontram-se muito elevadas, ele prefere recolher a mão, não investir e esperar o que o Banco Central (BC) vai fazer no âmbito da sua política monetária.
“O juro alto é o principal entrave às vendas de máquinas agrícolas”, reforça Estevão.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem sinalizado com a possibilidade de antecipar o anúncio do Plano Safra. Havia, inclusive, expectativas de que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, fizesse o anúncio do Plano Safra na Agrishow, uma das maiores feiras de máquinas e implementos agrícolas do mundo.
“Mas não adianta antecipar o anúncio e deixar para liberar os recursos em julho. Teria de começar a funcionar já”, disse o presidente da Câmara de Maquinas Agrícolas da Abimaq.
Para ele, anunciar o plano agrícola agora e deixar para liberar os recursos em julho vai travar ainda mais o mercado de máquinas agrícolas porque depois a indústria não conseguirá produzir para atende às demandas a tempo de as máquinas chegarem ao campo dentro do calendário de plantio e colheita.