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Vendas de hipermercados no dia 20 serão doadas para entidades ligadas à consciência negra, diz Carrefour

21 nov 2020, 11:04 - atualizado em 21 nov 2020, 11:04
Carrefour
Daremos todo o apoio à família de João Alberto Silveira Freitas (Imagem: REUTERS/ Charles Platiau)

O Carrefour (CRFB3) Brasil informou neste sábado que as vendas do dia 20 de novembro das lojas Carrefour Hipermercados serão doadas para entidades ligadas à luta pela consciência negra, posicionamento adotado após o assassinato por espancamento de um homem negro em uma das lojas da rede, em Porto Alegre.

Em nota à imprensa, a varejista afirmou que o Dia da Consciência Negra, celebrado na véspera em várias cidades do Brasil, deveria ser marcado pela conscientização da inclusão de negros e negras na sociedade, mas “foi o mais triste da história do Carrefour”.

Na quinta-feira, João Alberto Silveira Freitas foi espancado até a morte na unidade do Carrefour de Passo D’Areia, na capital gaúcha, o que teria ocorrido após ele discutir com uma caixa do supermercado que então chamou o segurança da loja.

Um vídeo do violento episódio foi amplamente compartilhado nas redes sociais na sexta, provocando protestos e ataques a lojas do Carrefour em vários locais do país, gerando pedidos de boicote contra a rede varejista, além de manifestações contra o racismo.

“Palavras não expressarão nossa angústia com a brutalidade. Daremos todo o apoio à família de João Alberto Silveira Freitas e, em respeito a ele, nossa loja de Passo D’Areia fechou ontem e permanecerá fechada hoje”, afirmou o Carrefour.

“Além disso, todo o resultado das vendas do dia 20 de novembro das lojas Carrefour Hipermercados será doado para entidades ligadas à luta pela consciência negra”, acrescentou.

O Carrefour disse ainda que as lojas serão abertas mais tarde neste sábado para reforço de “treinamento antirracista com todos os nossos funcionários e terceiros”.

A divulgação das ações vem após o presidente do Carrefour, Alexandre Bompard, se manifestar na tarde da véspera em sua conta no Twitter.

“Medidas internas foram imediatamente tomadas pelo Grupo Carrefour Brasil, principalmente em relação à empresa de segurança contratada. Essas medidas são insuficientes. Meus valores e os valores do Carrefour não compactuam com racismo e violência.”

Ele pediu também que a filial brasileira realizasse “uma revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros, no que diz respeito à segurança, respeito à diversidade e dos valores de respeito e repúdio à intolerância”.

O empresário Abilio Diniz, que integra o Conselho de Administração do Carrefour Brasil e é um dos acionistas da companhia, também se manifestou no Twitter, classificando a morte de Freitas como “tragédia e uma enorme brutalidade”.

“Pedi à empresa que não meça esforços e trabalhe incansavelmente para que fatos trágicos como este jamais se repitam no Brasil”, escreveu.

O vídeo do espancamento mostra Freitas sendo agredido por dois homens, identificados como Magno Braz Borges, segurança do Carrefour Passo D’Areia, e Giovani Gaspar da Silva, policial militar temporário.

De acordo com testemunhas, Silva estaria fazendo compras quando participou do espancamento.

Freitas aparece sendo agarrado por um dos homens enquanto o outro dá socos em sua cabeça. Depois, um dos homens coloca o joelho nas costas da vítima enquanto o outro continua batendo.

A polícia foi chamada depois que Freitas já estava imóvel. Uma ambulância também foi chamada, mas Freitas já estava morto.

Os dois agressores foram presos em flagrante e autuados por homicídio triplamente qualificado.

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