Vendas antecipadas de café do Brasil reduzem ritmo após início acelerado, diz Safras
Depois de um início de vendas bem acelerado, o ritmo da comercialização antecipada do café do ciclo 2022/23 do Brasil foi reduzido em meio a preços mais baixos, avaliou a Safras & Mercado nesta quinta-feira.
A venda do café do Brasil –com colheita em fase inicial nas próximas semanas– alcançou 29% da produção esperada até a última terça-feira, avanço de apenas um ponto percentual na comparação com o levantamento do mês anterior.
Segundo o consultor de Safras & Mercado Gil Barabach, “o ritmo de vendas caiu bastante, permitindo, inclusive, que o comprometimento atual caísse abaixo de igual época do ano passado, quando as vendas (antecipadas da safra anterior) estavam em 31%”.
O fluxo de vendas, entretanto, está acima da média dos últimos anos para o período (22%).
Assim, a Safras estima que o país já negociou 17,97 milhões de sacas, considerando a produção estimada pela consultoria em 2022/23 em cerca de 61 milhões de sacas de 60 kg.
As vendas antecipadas de grãos arábica alcançaram 34% do potencial produtivo.
“As ideias da safra 2022 oscilaram muito ao longo do ciclo produtivo, o que dificultou a estratégia de venda antecipada”, disse a Safras.
Em igual período do ano passado as vendas de arábica estavam em 38%, e a média dos últimos três anos gira em torno de 26%.
Já a safra velha também teve menos vendas, com o total comprometido em 92% da produção de 2021, contra 89% apontado no mês anterior.
O percentual de vendas é superior ao de igual período do ano passado, quando girava em torno de 90% da safra. O fluxo de vendas também está bem acima da média dos últimos anos para o período (88%), segundo a Safras.
Barabach disse que o ritmo da comercialização no mercado físico disponível de café “segue arrastado”.
“O tombo nos preços afastou os vendedores e elevou ainda mais a distância entre as pontas. O preço dos cafés arábicas de bebida melhor caíram em média 250 reais a saca do começo de fevereiro até agora”, afirmou.
Ele avaliou que os produtores, “bem capitalizados, seguem na defensiva, apostando no inverno brasileiro”.
No outro lado, o comprador mostra pouco interesse, “trabalhando da mão para boca”, para atender suas necessidades.
A comercialização de arábica chega a 89% da safra 2021, em linha com igual período do ano passado, mas superior à média de cinco anos para período (87%). Já as vendas de conilon alcançavam 95% da safra brasileira 2021, também em linha com igual época do ano passado e superior à média dos últimos cinco anos (92%).