Comprar ou vender?

Venda esta varejista endividada, recomenda bancão gringo; ‘Queima de caixa persiste’, diz

05 dez 2022, 20:15 - atualizado em 05 dez 2022, 20:27
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Selic mais alta somado ao endividamento criam combo ruim para varejistas como a Americanas, destaca o Goldman

O Goldman Sachs rebaixou a recomendação da Americanas (AMER3) de neutra para venda, com preço-alvo de R$ 10.

De acordo com o banco, o crescimento da varejista e a expansão do resultado operacional medido pelo Ebitda permanecem limitados para os próximos 12 meses.

Ademais, o Sachs vê a empresa pressionada por nível de dívidas (alavancagem) elevado, com dívida líquida sobre Ebitda de 3,9 vezes e despesas financeiras líquidas representando 61% do Ebitda nos últimos 10 meses.

Esse elevado endividamento fica ainda mais delicado em um cenário de taxa de juros nas alturas como estamos vivenciando agora. Para o ano que vem, economistas não esperam que a Selic caia tão cedo.

Somado a isso, há a disputada concorrência do setor varejista, além da necessidade da Americanas de reinvestir em sua rede de lojas offline, o que limitam os espaços para expansão de margem e melhor geração de caixa.

Selic bate às portas da Americanas

No relatório, o Goldman lembra de algo que os investidores de varejistas já estão acostumados: a sensibilidade do setor com os juros DI. Basta um ruido que alimente a curva para que os papéis despenquem.

Apesar disso, qualquer sinal de que a Americanas está diminuindo a queima de caixa sem que, com isso, abra mão do crescimento, já seria positivo para a companhia.

“Se a AMER fosse capaz de conduzir com sucesso as sinergias da fusão on-offline e aquisições anteriores, isso poderia liberar recursos financeiros e criar uma experiência diferenciada para o cliente”, diz.

Dessa forma, a empresa poderia entregar mais receita bruta de vendas (GMV) e ganhos de participação acima do esperado, o que, por tabela, diminuiria a alavancagem operacional por um lado e aumentaria os ganhos de margem e fluxos de caixa aprimorados do outro.

Sergio Rial chega à Americanas com a missão de dar prosseguimento ao processo de modernização da varejista (Imagem: Wikipédia)

Sérgio Rial não é tábua de salvação

O nome de Sérgio Rial, ex-CEO do Santander, animou investidores, o que fez os papéis dispararem mais de 20% na sessão seguinte ao seu anúncio.

Apesar de reconhecer que a reestruturação corporativa marca um novo senso de otimismo nos investidores, representando ponto positivo, o Goldman pondera que os resultados podem demorar, pois a nova liderança precisará atuar em várias frentes.

Os obstáculos vão da experiência in-store de suas lojas off-line a integração de aquisições mais recentes, como mantimentos frescos (Hortifruti, adquirido em ago/21) e lojas físicas de varejo em artigos para presentes e acessórios.

“No contexto de alavancagem e taxas de juros elevadas, isso criará um desafio particularmente formidável”, completa.